A percepção de que a educação de boa qualidade no Brasil era para poucos sempre inquietou o carioca Marco Fisbhen, 38. O engenheiro de produção entrou na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) após estudar em escola pública, mas sabia que essa não era a realidade da maioria dos estudantes brasileiros: os alunos mais preparados geralmente vêm de escolas particulares, com condições de pagar por aulas de reforço.
A constatação acentuou-se ainda mais quando Fisbhen começou a dar aulas de física em cursinhos pré-vestibulares no Rio, o que levou o engenheiro a criar um aplicativo de ensino com o objetivo de democratizar o acesso a conteúdos educativos.
No início do ano letivo de 2012 nascia o Descomplica, que evoluiu para um canal de educação online, baseado na produção de vídeos com entrega por assinatura. A inspiração era o modelo Netflix, que acabava de chegar ao Brasil.
Era um momento em que o acesso à internet de banda larga se firmava no país.
“O Youtube já mostrava que o vídeo é o grande canal de conteúdo na internet, e o modelo de assinaturas parecia democrático e promissor. Nossa tese se mostrou acertada”, relembra Fisbhen, que conseguiu um aporte de US$ 1,5 milhão de fundos de investimento americanos para desenvolver a startup.
O foco do Descomplica são as aulas de reforço escolar para vestibulares e Enem. Para produzir os conteúdos, a estrutura da startup é verticalizada: são 11 estúdios no Rio e em São Paulo e um time de 330 funcionários, entre professores, pedagogos, programadores e designers. De olho na diversificação do público, a startup passou a oferecer também conteúdos de reforço para universitários, preparação para exames como o da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e para concursos públicos.
Em 2017 o Descomplica atingiu 5 milhões de visitantes únicos, incluindo 1,2 milhão de estudantes que assistiram à aula aberta de preparação para o Enem no Youtube, um recorde de visitação para uma edtech. Também no ano passado, a startup foi eleita terceira empresa mais inovadora da América Latina e a primeira do Brasil, segundo o ranking da revista americana “Fast Company”.
A exposição abriu caminho para que a startup recebesse novo aporte de investidores, desta vez no valor de US$ 20 milhões – que serão investidos até 2020 e que já permitiram que o Descomplica fizesse duas aquisições, com a contratação de 100 novos funcionários nos três primeiros meses de 2018. Hoje os usuários pagantes somam 227 mil, com mensalidades que variam de R$ 12 a R$ 130.
“Não somos uma ONG, mas temos como missão dar aos estudantes as ferramentas tecnológicas e motivacionais para que melhorem seu desempenho nos estudos”, diz Fisbhen.
Forbes Brasil