As informações foram passadas pelos dois após a primeira reunião da equipe do presidente eleito, na casa do empresário Paulo Marinho, na Zona Sul do Rio. O novo governo discute ter entre 15 e 16 pastas. Eles não informaram sobre qual ministério ainda estão em dúvida.
A união dos ministérios da Fazenda e da Indústria e Comércio foi criticada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e por outras entidades do setor. Questionado sobre as críticas do setor, Paulo Guedes ironizou o pedido de incentivos fiscais das empresas.
— Interessante. No programa, os três já estavam juntos. Foi criticado pelo setor? Pelos industriais? Está havendo uma desindustrialização há 30 anos. Nós vamos salvar a indústria brasileira, apesar dos industriais— afirmou, sem responder sobre questões pontuais, como o destino do Rota 2030.
A crítica do economista se refere ao que ele considera um excessivo lobby por benefícios fiscais e proteção contra o mercado externo.
— Os impostos são muito altos, a complexidade burocrática, os juros muito altos. O que aconteceu é que o Ministério da Indústria e Comércio acabou se transformando em uma trincheira da Primeira Guerra Mundial, defendendo subsídios, desonerações, coisas que prejudicam a indústria brasileira. É evidente que não vamos fazer uma abertura abrupta da economia para fragilizar a indústria brasileira. Vamos retomar o crescimento da indústria garantindo juros baixos, a desburocratização — destacou.
Na mesma entrevista, Onyx confirmou outro ponto polêmico, a fusão entre as pastas do Meio Ambiente e da Agricultura.
— O Ministério do Meio Ambiente e Agricultura estarão no mesmo ministério como desde o primeiro momento — disse Onyx Lorenzoni, afirmando que o presidente eleito não havia recuado em nada.
Na quarta-feira passada, após visita ao então candidato à Presidência, o presidente da União Democrática Ruralista, Luiz Antonio Nabhan Garcia, principal consultor de Bolsonaro para agronegócio, informou que a proposta de fundir os ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente poderia ser revista. Antes do encontro, ele havia defendido que a fusão era positiva e uma demanda dos produtores.
— Ninguém pode ter um governo duro, autoritário, sem flexibilidade, com arrogância. Se for o melhor para o Brasil, depois de eleito, todos vão sentar, e ele vai ouvir toda a sociedade. É inevitável a fusão de várias pastas. Porém, estamos ouvindo todos. Se tiver que haver flexibilização, haverá — disse Nabhan na ocasião.
O ex-presidente do PSL Gustavo Bebianno, que vai integrar a equipe de transição, informou que já estão definidos os nomes para cerca de 80% dos ministérios.
— Hoje já foram decididos alguns nomes, teve um significativo avanço. Em torno de 80% dos ministérios já estão definidos. Por questão estratégica nossa, vamos passar os nomes um pouquinho mais pra frente - disse Bebianno, após reunião da cúpula do governo eleito.
Bolsonaro já confirmou dois nomes para o ministério, além de Paulo Guedes: Onyx Lorenzoni para a Casa Civil e general Augusto Heleno para a Defesa. Em vídeo publicado no Facebook nesta terça-feira, o astronauta Marcos Pontes revelou que assumirá a pasta de Ciência e Tecnologia.
Na segunda-feira, o presidente eleito disse que vai convidar o juiz Sergio Moro para ocupar uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF) ou o Ministério da Justiça. Bolsonaro informou que ainda não procurou o magistrado, mas ressaltou que quer agendar a conversa em breve. A interlocutores, o juiz diz que não descarta participar do governo de Bolsonaro . Em nota divulgada nesta terça-feira, Moro declarou que, se o convite for feito, "será objeto de ponderada discussão e reflexão" .
Pelo menos duas vagas na Corte serão abertas nos quatro anos de mandato do capitão da reserva, com as aposentadorias compulsórias dos ministros Celso de Mello e Marco Aurélio Mello.
Jussara Soares, Mariana Martinez e Marcello Corrêa, O Globo