terça-feira, 30 de outubro de 2018

Paulo Guedes minimiza posição de Onyx sobre Previdência: 'É político falando de economia'

Paulo Guedes chega para reunião na casa de Paulo Marinho Foto: Marcia Foletto / Marcia Foletto
Paulo Guedes chega para reunião na casa de Paulo Marinho Foto: Marcia Foletto / Marcia Foletto


O economista Paulo Guedes , indicado para ser ministro da área econômica no governo de Jair Bolsonaro , minimizou nesta terça-feira a resistência do deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), confirmado como ministro da Casa Civil, à ideia de fazer uma reforma da Previdência ainda este ano . Os dois homens-fortes da equipe do novo governo discordam sobre a urgência da alterações das regras previdenciárias. A equipe se reuniu pela primeira vez nesta terça-feira para organizar a transição de governo, definir nomes de futuros ministros e afinar a pauta a ser enviada ao Congresso com o presidente eleito.

Onyx Lorenzoni descarta seguir com a reforma da Previdência proposta pelo presidente Michel Temer. Ele chegou a afirmar a possibilidade de o futuro governo usar uma meta de taxa de câmbio - hoje, o câmbio é flutuante. Em entrevista a jornalistas, Guedes chamou para si a responsabilidade sobre o tema.

- Ele está dizendo que Onyx, que é coordenador político, está falando de banda cambial. Ao mesmo tempo diz que o Onyx, que é coordenador político, diz que não tem pressa na Previdência. Aí o mercado cai. Estão assustados por quê? É um político falando de coisa de economia. É a mesma coisa que eu sair falando coisa de política. Não dá certo, né? - afirmou.
Durante a campanha eleitoral, Paulo Guedes foi desautorizado por Bolsonaro a falar de política. O economista causou controvérsia ao sugerir a implementação de um novo imposto, aos moldes da CPMF, e a adoção de "superpoderes" para partidos no Congresso, de modo a facilitar a aprovação de medidas econômicas.
Questionado antes de uma reunião da equipe econômica com o presidente eleito no Rio, Guedes afirmou que sempre foi a favor da medida, desde que o texto foi apresentado há dois anos. E afirmou que mantém a posição.
- Acho que trabalharam dois anos nesta reforma. Passei dois anos dizendo: "aprovem a reforma da Previdência, aprovem a reforma da Previdência". Não é só porque agora passei para o governo, mudei o chapéu, vou dizer "não aprovem a reforma da Previdência" - afirmou o economista, antes de reunião, na casa do empresário Paulo Marinho, aliado do presidente eleito.
O economista afirmou ainda que a ideia de vender reservas internacionaissó seria aplicada em caso de crise especulativa contra o real - ou seja, forte desvalorização da moeda nacional frente à divisa americana. Nesse caso, o economista diz que a ideia seria recomprar a dívida interna com o dinheiro das reservas. A informação sobre o plano foi noticiada nesta terça pelo jornal "Valor Econômico".

Marcello Corrêa, O Globo