terça-feira, 30 de outubro de 2018

Nem Delfim teve tanto poder quanto Paulo Guedes, diz Ascânio Seleme

Nem Delfim Netto teve tanto poder quanto terá o economista Paulo Guedes no governo Bolsonaro. Delfim foi o mais poderoso ministro de três governos militares, os dos generais Costa e Silva, Garrastazu Médici e João Figueiredo. Ele comandou a economia como ministro da Fazenda dos dois primeiros e do Planejmento do último. 

Era tratado como czar da economia, mas nem assim conseguiu reunir tanto poder quanto será dado a Guedes, que acumulará Fazenda, Economia, Indústria e Comércio. Terá também Comércio Exterior, que hoje está sob o Itamaraty.

Trata-se de um verdadeiro conglomerado de atividades. De um lado, o Ministério da Fazenda cuida da arrecadação e da política econômica; do outro, o Planejamento se ocupa da eficiência e do controle dos gastos. Parece exagerado entregar à mesma pessoa tanta atribuição. 

Mais grave talvez seja acrescentar a esta junção de atividades um terceiro ministério, o que deve se dedicar ao fomento de setores vitais da economia, o que em última análise significa fazer gastos.

Como quem vai planejar e autorizar gastos no próximo governo será o responsável por Fazenda e Planejamento, no caso Paulo Guedes, pode-se supor que ele dará preferência aos pedidos de recursos da Indústria e do Comércio, sob os cuidados dele mesmo. Este tipo de ajuntamento já foi tentado antes e não funcionou. Sua repetição agora se dá em nome do enxugamento da máquina, um bom motivo. 


O Globo