quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Para Mark Zuckerberg, o futuro do Facebook está no 'Stories', não no feed de notícias

Mark Zuckerberg, fundador e diretor executivo do Facebook Foto: JUSTIN SULLIVAN / AFP
Mark Zuckerberg, fundador e diretor executivo do Facebook Foto: JUSTIN SULLIVAN / AFP

SÃO FRANCISCO - Mark Zuckerberg está apostando o futuro do Facebook nos posts efêmeros do "Stories" e nos vídeos, não no famoso feed de notícias que transformou a rede social na maior do mundo. E os investidores estão com ele nessa aposta - pelo menos por enquanto.

Recursos mais recentes na plataforma, vídeos e "Stories" geram menos receita e tiram o foco dos internautas de fotos, comentários e anúncios que garantem a lucratividade da empresa, admitiu o fundador em teleconferência com analistas do mercado financeiro. Bancos e corretoras ainda não estão plenamente confortáveis com isso e sabem que, em 2019, o Facebook exigirá investimentos robustos. Ainda assim, Zuckerberg disse considerar que, no longo prazo, as apostas vão suplantar o feed de notícias em importância.

Na conferência, o diretor financeiro David Wehner tentou acalmar os investidores sobre os custos da estratégia no próximo ano, enquanto os resultados trimestrais do Facebook divulgados na terça-feira mostraram que a empresa conseguiu se manter firme mesmo diante de recentes escândalos e falhas na gestão da privacidade de seus usuários.
Sem considerar o Instagram e o WhatsApp, que também pertencem à empresa de Zuckerberg, o Facebook demonstra estar perto da saturação em termos decrescimento, sobretudo em mercados avançados, como Estados Unidos e Europa. E, nos países onde a rede social cresce, a lucratividade com publicidade é menor. Isso fez com que o Facebook precisasse investir pesado em projetos experimentais.

Função copiada do Snapchat

Daqui para frente, o crescimento das receitas do Facebook dependerá da capacidade de a empresa convencer anunciantes a veicular propagandas em serviços de mensagens e, sobretudo, no "Stories" - funcionalidade que permite aos usuários compartilhar fotos e vídeos curtos que ficam disponíveis por apenas 24 horas. Curiosamente, o Facebook copiou o "Stories" do Snapchat, rede social que explodiu junto ao público adolescente americano há alguns anos mas que hoje enfrenta dificuldades de crescimento e geração de receitas.
Hoje, o "Stories" é uma das funcionalidades mais populares do Instagram e também está disponível no Facebook e no WhatsApp (na aba "status"). Nos "Stories", os internautas são surpreendidos por anúncios entre as publicações de amigos.
- Eu gostaria de ser bastante direto aqui. Mesmo partindo do princípio que chegaremos onde queremos... isso vai levar algum tempo, e o crescimento de nossa receita pode ficar mais lento nesse período - reconheceu Zuckerberg na teleconferência.
No mercado de vídeos, os dois serviços da empresa, o Facebook Watch e o Instagram TV, ainda estão muito distantes do tamanho do YouTube (que pertence à Google), admitiu o fundador. No segmento do "Stories", a funcionalidade apenas começa a ganhar tração no Facebook, e a elaboração de anúncios adequados ao formato ainda é uma dificuldade, acrescentou Zuckerberg. Mesmo assim, o diretor executivo disse estar confiante de que é por meio dessas funcionalidades que os usuários vão compartilhar informações no futuro.  
Os resultados trimestrais divulgados na terça-feira garantem a Zuckerberg algum tempo para que ele persiga novas iniciativas. A receita da empresa avançou 33 %, enquanto o lucro ficou bastante acima do que previa Wall Street. O número de usuários ativos mensalmente atingiu 2,27 bilhões de pessoas, 10% acima do que o registrado há um ano. As cifras sugerem que os anunciantes continuam a comprar mais anúncios no Facebook e têm sido atraídos pelo Instagram, que atingiu recentemente 1 bilhão de membros.
Bloomberg News