quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Por um tsunami de ideias no futebol brasileiro, por Paulo Cézar Caju

Os grandes partidos perderam espaço e a nossa indignação ganhou força. O futebol precisava dessa chacoalhada


Quem me conhece sabe que há anos ando desiludido com o futebol e com a política. CBF, Fifa, PSDB, PT, PMDB, enfim, nenhuma dessas siglas me representa. Todos se envolveram em um mar de corrupção e conseguiram afundar o Brasil e o futebol. Estamos mergulhados de cabeça na lama e não me iludo com promessas e discursos.

Mas, confesso, fiquei feliz porque no país todo o resultado das urnas comprovou a sede por mudanças. Não sou Lula ou Bolsonaro e nem sei se os eleitos cumprirão suas promessas, mas essa inquietação contra a mesmice é a que me move. Os grandes partidos perderam espaço e a nossa capacidade por indignação ganhou força. O futebol precisava dessa chacoalhada.

Um tsunami seria necessário para uma renovação nos dirigentes das confederações, federações e clubes, na mentalidade dos “professores”. A escola gaúcha não tem mais o que dizer, parou no tempo. Felipão está prestes a vencer um Brasileirão e sairá como herói. 

Mano venceu a Copa do Brasil. Zero inovação, a receita de sempre: um monte atrás torcendo por um golzinho salvador. Palmeiras e Flamengo montaram elencos milionários e a partida entre eles foi sofrível. Dinheiro não compra qualidade. Qualidade é inata e está na molecada que vocês estão colocando fora de posição para marcar e dar carrinho.

Felipão colocou um time em campo com quatro cães de guarda: Felipe Melo, Bruno Henrique, Moisés e Tiago Santos. Eu disse quatro!!!!!

E cadê o Lucas Lima? Tá no banco! Não morro de amores por ele, mas sabe jogar bola e não pode ficar no banco de reservas para nenhum desses quatro que eu mencionei. Dudu se salva, mas precisa deixar de ser chorão. Joga bola e pronto! Felipe Melo espanou Paquetá o quanto pôde e os comentaristas dizendo que ele jogou muita bola. Em que mundo vocês vivem???

E o Felipão no fim do jogo exaltando o fato positivo de se jogar em um Maracanã lotado....com 50 mil torcedores. Ô Felipão, 50 mil dava Olaria x Madureira dos bons tempos! O problema é que essa turma se contenta com pouco.

Vem tsunami, varre esses exterminadores do bom futebol para bem longe daqui!!! Querem um exemplo bobo? O centroavante Pablo, do Atlético Paranaense. Quantas vezes vocês já ouviram o nome dele em alguma sondagem dos últimos “professores” da seleção? 

Nenhuma! Será necessário ele mudar de empresário ou ir para a Europa? Essas convocações são abomináveis, é um toma lá dá cá escandaloso.

Precisamos de novos ventos, de novas ideias. O futebol precisa ser discutido, reavaliado. 

Na política, não vimos apresentação de propostas entre os presidentes nem entre os candidatos ao governo do Rio. Só acusações, dossiês, fake news. Triste. Mas a verdade é que nosso futebol é fake, nossos dirigentes são fakes. No meio dessa bagunça generalizada, o torcedor clamando por renovação.

Só sei que no domingo da eleição, nosso querido Mané Garrincha faria 85 anos. Meu voto vai para ele porque não só no futebol, mas como na política, precisamos de sua criatividade, seu raciocínio rápido, sua sagacidade, mas, acima de tudo, precisamos de sua pureza.

O Globo