Pela sétima vez consecutiva, o PSDB ganhou as eleições para o governo do Estado de São Paulo. Essa sequência de mandatos é um feito significativo, que atesta a seriedade das administrações tucanas no Estado. Num cenário político marcado pelo desejo de mudança, o eleitor paulista optou pela continuidade de uma administração que, se não está isenta de deficiências e algumas fragilidades, tem apresentado um padrão de qualidade bem acima da média brasileira.
Deve-se reconhecer também que a diferença de votos entre João Doria e Marcio França foi pequena. Numa disputa que contou com mais de 21 milhões de votos válidos, o candidato tucano obteve 741.610 votos a mais que Marcio França. Os porcentuais foram de 51,75% contra 48,25%. Nas três eleições anteriores, o PSDB havia conquistado o Palácio dos Bandeirantes no primeiro turno: José Serra em 2006 e Geraldo Alckmin em 2010 e 2014. Se as eleições de 2018 confirmam o PSDB no governo paulista, elas também servem de alerta a respeito de alguns caminhos tomados pelo partido nos últimos quatro anos.
Entre as causas dessa apertada margem de votos no segundo turno, certamente está a curiosa parceria que Geraldo Alckmin estabeleceu em 2014 com o PSB, que na ocasião assegurou a Marcio França o cargo de vice-governador. Foi formada uma chapa que ignorava o fato de os dois partidos, PSDB e PSB, terem propostas públicas e práticas políticas muito diferentes. Como se sabe, o PSB tem sido um dos mais fiéis aliados do sr. Lula da Silva. Entre outras contradições, o arranjo de 2014 entre PSDB e PSB levou a que o eleitor tivesse de escolher entre dois candidatos que, mesmo sendo muito diferentes entre si, defendiam a atual gestão.
Esse cenário não contribuiu para a discussão de propostas. O que se viu foi uma campanha agressiva e com alguns episódios de extrema baixaria. As urnas indicaram o fastio do eleitor com esse jeito de fazer política: houve 3,5 milhões de votos nulos (13,71%) e 1 milhão de votos brancos (4,08%).
O resultado do segundo turno é uma vitória do PSDB e, principalmente, de João Doria, que, como já havia feito nas eleições municipais de 2016, conseguiu estabelecer uma relação de confiança com parte significativa do eleitorado. O candidato tucano teve votação expressiva no interior do Estado.
João Doria tem um grande desafio pela frente: realizar ao longo dos próximos quatro anos uma gestão profissional, à altura de suas realizações na esfera privada. A sua passagem pela Prefeitura de São Paulo teve iniciativas interessantes, mas acabou sendo um período especialmente curto para uma avaliação conclusiva. A prova de fogo do futuro político de João Doria será feita no Palácio dos Bandeirantes.
Segundo o programa de governo de Doria, as cinco diretrizes básicas de sua administração serão a descentralização, a participação, a eficiência, a transparência e a inovação. Trata-se de uma pauta muito oportuna. É imprescindível o “compromisso da gestão estadual com uma eficiente alocação dos recursos públicos, visando a eliminação de despesas supérfluas e de desperdícios”, como consta no documento apresentado à Justiça eleitoral.
Até aqui as administrações tucanas em São Paulo foram marcadas pela responsabilidade fiscal, que possibilitou ao longo dos anos uma saudável estabilidade financeira, com recursos para investimentos e a oferta de serviços públicos. Trata-se de um aspecto louvável, mas é preciso avançar. Em razão de suas condições econômicas, o Estado de São Paulo deve ser exemplo no provimento de saúde e educação. Outra área prioritária é a ordem pública em todo o Estado - é preciso estabelecer um novo patamar de segurança pública, tanto na cidade como no campo.
Frente a especulações de que poderia deixar o PSDB, Doria foi muito claro: “Estou no PSDB desde 2001, não sou filiado de ocasião. São 18 anos de filiação e vou continuar no PSDB”. Esse compromisso é também muito oportuno. É hora de aparar as arestas do período eleitoral e trabalhar com afinco. O cidadão não quer politicagem - quer resultados.