Cristiane Jungblut e Geralda Doca, O Globo
O presidente Michel Temer disse nesta quarta-feira que o governo pediu aos caminhoneiros uma trégua de até três dias na paralisação nacional, mas afirmou que o pedido não foi aceito pela categoria. Temer ressaltou que o governo está trabalhando para dar "tranquilidade" e para evitar o desabastecimento no país. O presidente decidiu falar sobre o tema de surpresa, depois de participar de cerimônia de lançamento da Nova Identidade Digital do governo, com uma ampliação dos serviços via internet.
— Desde domingo estamos trabalhando neste tema para dar tranquilidade não só ao brasileiro, que não quer ver paralisado o abastecimento, mas também tentando encontrar uma solução que facilite a vida especialmente dos caminhoneiros. E até pedi que nesta reunião (dos caminhoneiros com ministros) se solicitasse uma espécie de trégua para que em dois, três dias, no máximo, possamos encontrar uma solução satisfatória para os caminhoneiros e para o povo brasileiro — disse Temer.
O presidente da Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA), Diumar Bueno, disse que a paralisação dos caminhoneiros vai continuar porque o governo não avançou nas propostas para a categoria, além do fim da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide). Ao deixar a reunião no Planalto para tratar do problema, Bueno afirmou que durante a reunião, os ministros mais justificaram a impossibilidade de atender a demanda do que apresentaram contrapropostas. Um novo encontro foi marcado para essa quinta-feira.
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— O governo não apresentou nenhuma proposta nova — disse Bueno, acrescentando que a categoria não se contentará só com promessas e que o fim da Cide sobre o diesel não resolve o problema dos caminhoneiros.
Segundo ele, apesar dos apelos do governo para que a categoria retome à atividade, isso não vai acontecer, enquanto não houver uma resposta que atenda aos pleitos da categoria. A causa do movimento é "sobrevivência", eles passaram a ter prejuízos com o frete, destacou. Bueno acusou o governo de ser "irresponsável" porque o Planalto foi avisado do movimento há um mês e não tomou qualquer providência.
Na lista de reivindicações dos caminhoneiros estão reajuste do diesel a cada 90 dias e a redução do Pis e da Confins sobre o combustível. Participaram da reunião os ministros da Casa Civil, Eliseu Padilha, dos Transportes, Valter Casimiro, da Secretaria de Governo, Carlos Marun, deputados e representantes dos caminhoneiros.