quinta-feira, 31 de maio de 2018

Golden State Warriors desafia 'melhor' LeBron James na final da NBA

Marcius Azevedo, Renan Fernandes, Gabriel Melloni, O Estado de S.Paulo

Um novo capítulo da mais recente rivalidade da NBA começa a ser escrito hoje, às 22h, quando a bola subir na Oracle Arena, em Oakland – a série será transmitida pela ESPN. Pela quarta vez consecutiva, Golden State Warriors e Cleveland Cavaliers decidem o título da principal liga de basquete do mundo, fato nunca antes visto em qualquer torneio profissional dos Estados Unidos. Vencedor em dois dos últimos três duelos, o time da Califórnia aposta em um estrelado elenco para consolidar sua dinastia. No entanto, terá pela frente o enorme desafio de superar o “melhor” LeBron James das últimas temporadas.
Mesmo já sendo um veterano de 33 anos, com 15 deles na NBA, o astro dos Cavaliers tem o melhor desempenho ofensivo nos playoffs desde o primeiro encontro das duas franquias, na temporada 2014-2015. O ala registra média de 34 pontos por jogo, com aproveitamento de 54,2% nos arremessos. LeBron também está distribuindo mais assistências (8,8) do que nos anos anteriores. Apenas o número de rebotes (9,2) caiu um pouco, mas é superior ao da edição passada. Detalhe: são sete jogos com 40 pontos ou mais, o que o deixa atrás apenas da lenda Jerry West, que conseguiu tal feito oito vezes em 1965.
LeBron James
LeBron James chega com números impressionantes para sua oitava final
consecutiva da NBA Foto: Marcio Jose Sanchez/AP
Essa dependência do Cleveland Cavaliers de seu principal astro foi acentuada nesta edição, após o elenco ter sido praticamente remontado em duas oportunidades. Pouco depois da derrota na última final, o armador Kyrie Irving pediu para ser negociado. De sua troca, o time de Ohio recebeu Isaiah Thomas e Jae Crowder, do Boston Celtics. Também foram adicionadas outras peças importantes como Derrick Rose e Dwyane Wade, parceiro de LeBron James no Miami Heat. 
Sem perceber química de jogo e com resultados ruins, a direção resolveu fazer outra grande reestruturação no grupo com a temporada em andamento. Como nenhum dos jogadores citados permaneceu na franquia, LeBron precisou jogar todos os 82 jogos da temporada regular e liderar a NBA em minutos em quadra (3.026) para garantir a classificação aos playoffs na Conferência Leste com a quarta melhor campanha da Liga.
“Essa foi uma das temporadas mais desafiadoras que já encarei. Foi uma montanha-russa. Houve bons momentos, houve momentos ruins. Todas as rosas têm os seus espinhos, né? Mas, no fim das contas, esse ano foi (e teve) tudo o que você poderia pedir de uma grande história”, desabafou LeBron depois de eliminar o Boston Celtics nas finais do Leste.
Kevin Durant e Curry
Kevin Durant e Stephen Curry querem conquistar o terceiro título 
em quatro anos para o Golden State Warriors Foto: Marcio Jose Sanchez/AP
Apesar do baixo nível do elenco de apoio dos Cavs, que ainda têm Kevin Love como dúvida, o armador Stephen Curry atacou aqueles que dizem que o time é fraco. “Odeio quando dizem isso. Eles são jogadores da NBA. Tudo bem, o LeBron é incrível, teve um desempenho incrível nos playoffs e tudo mais, o que é inacreditável se você pensar na consistência, longevidade e nível de grandeza que ele mostrou. Como fã de basquete, ligar a TV e ver o que ele fez no jogo 7 (contra o Celtics)... Foi um desempenho incrível, mas não desrespeitem os outros atletas (dos Cavaliers). Eles também lutaram duro.”
Amplo favorito antes mesmo de a temporada começar, o Golden State Warriors teve de manter o foco. A franquia terminou a fase de classificação apenas na segunda posição da Conferência Oeste, com 58 vitórias e 24 derrotas. Desempenho distante do recorde estabelecido em 2016, quando venceu 73 jogos.
O treinador Steve Kerr até comemorou a pausa para o Jogo das Estrelas em fevereiro. “É doloroso ver como estão mentalmente esgotados e emocionalmente cansados. Estamos nos arrastando, para ser sincero. Precisamos tirar o máximo uns dos outros e, depois, sentar na praia para relaxar.”
MVP das finais de 2015, principalmente por marcar LeBron, Andre Iguodala está fora do jogo 1 com lesão no joelho. Mas Kevin Durant, Klay Thompson, Draymond Green e Stephen Curry ainda são um arsenal poderosíssimo contra o exército de um homem só dos Cavs.

Comparação com Jordan alimenta debate nos EUA

O impressionante desempenho do astro do Cleveland Cavaliers transformou o que era uma comparação injusta em algo palpável. Diversos veículos de comunicação conceituados nos EUA, como USA Today, NBC, Chicago Tribune, Boston Globe e Sports Illustrated, colocaram em discussão quem é melhor: Michael Jordan ou LeBron James? 
Não há, claro, uma conclusão. Mas o que menos importa é escolher um ou outro. Apenas uma comparação entre eles é suficiente para entender o que representa LeBron para o basquete. Ele mesmo não aprova o debate. “Acho que me apaixonei pelo jogo por causa dele, e via o Jordan como um Deus. Nunca achei que poderia ser ele, que chegaria ao ponto que o Jordan está.”
LeBron se vê distante de Jordan, mas nomes importantes da NBA, como os ex-jogadores Isiah Thomas e Scottie Pippen, apontam que o astro dos Bulls ficou para trás. A polêmica está longe do fim.

ANÁLISE: Marcius Azevedo*

Não se pode duvidar deste homem. É difícil até torcer contra LeBron James. O que ele faz noite após noite, independentemente de quem está ao seu lado e do rival na outra metade da quadra, merece ser aplaudido de pé, seja no ginásio ou em casa, diante da TV. Vale levantar do sofá para reverenciar o astro.
Não à toa, mesmo com pouca colaboração dos companheiros, ele alcançou sua oitava final consecutiva da NBA e se manteve como o Rei da Conferência Leste. Agora, para levar o título, há necessidade de ter coadjuvantes mais participativos.
Não dá para comparar os elencos. O Golden State Warriors tem um quarteto fantástico, formado por Curry, Durant, Thompson e Draymond Green, e opções interessantes, como Livingston, Looney, Nick Young e Jordan Bell. Iguodala, ao menos no jogo 1, está fora. A turma que cerca LeBron não ocupa o mesmo nível. 
Não sou de apostar. Nunca coloquei dinheiro para tentar acertar um resultado e faturar alto. Mas não vou ficar em cima do muro desta vez. Apesar de torcer para LeBron James, não vejo como o Cleveland Cavaliers possa ser campeão. Torço apenas para que o time de Ohio não seja varrido na série. O meu palpite é 4 a 1, com os Warriors conquistando o terceiro título em quatro anos na barulhenta Oracle Arena, em Oakland, no jogo 5.
*​​EDITOR ASSISTENTE DE ESPORTES E APRESENTADOR DO PROGRAMA ‘CESTA NO ESTADÃO’