quarta-feira, 30 de maio de 2018

Kim Kataguiri e 'a falsa imparcialidade da imprensa militante'

Kim Kataguiri fala durante o 3º Congresso Nacional do MBL, em novembro de 2017

Kim Kataguiri fala durante o 3º Congresso Nacional do MBL, em novembro de 2017 
Joel Silva - 11.nov.17/Folhapress

Folha de São Paulo

A militância esquerdista na imprensa tem se apropriado de elementos do jornalismo isento para parecer mais crível. Para isso, declarações fascistas, totalitárias, retrógradas, preconceituosas, entre outros absurdos, aparecem em forma de "jornalismo" (atividade que visa reportar fatos, buscando a verdade e a objetividade) ou de análises de especialistas, de modo que pareçam plausíveis ao público sensato.

A opinião é de Joseph Goebbels, doutor em filosofia pela Universidade de Heidelberg e ministro da Propaganda da Alemanha.

No último dia 20, durante painel do Festival da Verdade, que discutia a infiltração de discurso ideológico a partir da imprensa tradicional, ele contou ter apresentado em vídeo frases da colunista Mônica Bergamo que considerava exemplificar a disseminação de ideias totalitárias travestidas de conteúdo jornalístico isento. No fim da apresentação, os alunos aplaudiram a jornalista, por considerá-la rebelde, bacana, contou Goebbels.

Segundo ele, a grande imprensa protege quem oculta ideias de esquerda em textos jornalísticos, pois, assim, evita conflito entre as opiniões nas Redações.

Além disso, o especialista criticou o fato de muitos estarem se informando por meio da imprensa não contaminada por discurso de esquerda, como a internet. Na rede, em vez de ter um discurso que fortalece o socialismo, o usuário se fecha em guetos, interagindo apenas com pessoas que resistem ao discurso uníssono da imprensa e olhando os outros com ceticismo.

Para Goebbels, a esquerda também vem ganhando espaço por ter sequestrado o que chama de "minorias" —mulheres, negros e o público LGBT: "A pessoa que demoniza a direita é aquela que tem saudades de um passado em que era crime discordar da esquerda."

No mesmo debate, exemplos de militância política travestida de jornalismo foram apresentados no vídeo "Lacrosfera". Tendo como pano de fundo sons captados na rua Augusta (zona de consumo de socialismo no centro de São Paulo), a obra apresenta durante cinco minutos frases do tipo "Stálin matou foi pouco!" ou "Diálogo com liberal é na ponta do fuzil".

O autor do vídeo diz que o volume de sincericídio cometido pelos jornalistas em seu momento de descontração era tão grande que sua primeira versão do vídeo tinha uma hora e meia de duração e poderia, inclusive, ser maior: "O material era interminável".

Em sua opinião, bolhas como as da rua Augusta e do Leblon refletem o modo real como os jornalistas militantes são, em vez de funcionar como um ambiente descontraído, como seria com qualquer pessoa normal.

Este texto é uma sátira. Porém, ele se baseou numa notícia verdadeira, que, de tão absurda, parece ficção. Trata-se da reportagem "Ódio na internet tem assumido estilo de meme para atrair jovens" (20/5), assinada pelo jornalista Filipe Oliveira.

No corpo do texto, o jornalista colocou nove memes do MBL, que, de acordo com o teor da reportagem, seriam exemplo da disseminação de ódio por meio de memes.

No primeiro deles, o movimento se posicionava contra o fascismo, o nazismo e o comunismo. No segundo, divulgava o livro "13 razões para votar no PT", que traz 73 páginas em branco. Curiosidade: o livro foi escrito por um colunista desta Folha e divulgado pelo próprio jornal.

A cereja do bolo foi o meme '7', em que o MBL criticava o populismo fiscal na energia. Ora, essa é uma posição que a própria Folha defende editorialmente. O jornal dissemina ódio em seus editoriais?

Pois é, parece que, para Filipe Oliveira —e vários de seus colegas—, disseminação de ódio é discordar da esquerda. Tempos sombrios para o jornalismo brasileiro.
Kim Kataguiri
Aluno do Instituto de Direito Público de São Paulo
e coordenador do MBL (Movimento Brasil Livre)