Marcela Sorosini e Glauce Cavalcanti, O Globo
Na manhã desta terça-feira, os vendedores da Central de Abastecimento do Estado do Rio (Ceasa-RJ), em Irajá, na Zona Norte, voltaram a comercializar hortaliças, itens que haviam desaparecido dos boxes nos últimos dias, devido à greve dos caminhoneiros. Os preços, no entanto, continuam mais altos do que o normal.
O comprador Roni de Oliveira, de 34 anos, se assustou com os valores. O trabalhador compra mercadorias no entreposto comercial para revendê-las a estabelecimentos da Baixada Fluminense:
— Vou levar só o básico, porque os preços estão surreais.
A caixa de vagem triplicou: costumava sair por R$ 30, mas agora é vendida por R$ 90.
— Está mais fácil achar ouro do que cenoura. Há uma semana que não encontro o produto — completou Oliveira.
O vendedor Valdinei Machado, de 40 anos, observou que os custos estão mais elevados e que somente 30% das mercadorias que a central costuma comercializar em uma terça-feira estão à venda.
Dona de uma barraquinha que vende legumes no Calçadão de Bangu, na Zona Oeste, Tânia Mara, de 60 anos, cortou o quiabo da lista de compras:
— A caixa custava R$ 20, mas está saindo por R$ 80. Onde já se viu?
O vendedor Idalino Manoel Silva, de 52 anos, explica que a oferta de produtos está sendo retomada aos poucos:
— Nos últimos dias, estava quase impossível trabalhar.
Nas barracas, ainda se observa o reflexo da escassez dos últimos dias. A caixa com 18 pés de alface, que normalmente custa cerca de R$ 15, é vendida por R$ 50. O lote com dez molhos de coentro ficou cinco vezes mais caro: subiu de R$ 5 para R$ 25.
Chegada de caminhões
Por volta das 9h30, alguns caminhões com mercadorias produzidas na Região Serrana do Rio chegaram ao local, sendo festejados pelos trabalhadores da Ceasa-RJ.
Segundo Waldir Lemos, presidente da Associação Comercial de Produtores e Usuários da Ceasa (Acegri), 53 caminhões chegaram da Região Serrana e do interior do Estado do Rio nesta manhã, para abastecer o mercadão. Eles fizeram parte de um comboio que partiu para a capital na madrugada desta terça-feira, com escolta das forças de segurança até a chegada à Avenida Brasil.
— Esse número de carretas representa um quinto da entregas de um dia normal — disse.
Os demais veículos do comboio seguiram para supermercados e hortifrutis da cidade.
Supermercados
As unidades do Supermercado Zona Sul no Rio amanheceram com as verduras de volta às prateleiras. O abastecimento, no entanto, ainda não está inteiramente normalizado, explica Pietrângelo Leta, vice-presidente comercial da rede de supermercados:
- Aos poucos, estamos normalizando. Porém, legumes, algumas frutas e carne vermelha continuam com problemas.