Fabio Serapião, O Estado de S.Paulo
O primeiro preso por suposta prática de locaute durante as manifestações de caminhoneiros é o empresário Vinicius Pellenz, dono da empresa de logística Irapuru de Caxias do Sul (RS). A Justiça Federal decretou a prisão temporária de Pellenz baseada na possível prática de atentado a liberdade do trabalho, ameaça e associação para o crime.
O Estado teve acesso a um áudio atribuído ao empresário com suposta ameaça a caminhoneiros que continuavam a trabalhar após o início da greve.
- Ô nego, para teus caminhão ali. Vieram falar aqui que ali no Alto Feliz tu tá andando com milho. Não leva milho, não faz nada para a Agrosul - diz o áudio creditado ao empresário.
Em outro trecho da gravação, distribuída em grupos de WhatsApp utilizados pelos grevistas, o empresário manda um caminhoneiro parar os caminhões.
- Os guris já estão ligados. Tem uns caras escondidos nos morros das batatas ali pra cima. Agora, ninguém vai mais subir e ninguém vai descer. Para os caminhão.
Em seu site, a Irapuru diz ser "reconhecida como um dos mais modernos e bem equipados operadores logísticos do país, dedicando seus serviços à movimentação e armazenagem de carga em todo território nacional, Argentina e Uruguai".
A empresa tem sede em Caxias do Sul (RS) e filiais em São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Espírito Santo e Distrito Federal.
Operação. Deflagrada na manhã de ontem, operação Unlocked [Desbloqueado], teve como objetivo reprimir a prática de locaute em rodovias do Rio Grande do Sul. Ilegal no Brasil, esse tipo de paralisação é promovida por empresários para atender aos seus interesses.
Segundo a PF, mais de 60 policiais federais cumpriram três mandados de busca e apreensão nos municípios de Vale Real e Caxias do Sul, e um de prisão temporária em um condomínio de luxo em Xangrilá.
O crime, ainda de acordo com a PF, teria ocorrido nas rodovias RS-122, RS-452 e BR-116, na região dos municípios de Bom Princípio, Feliz e Vila Cristina, no Rio Grande do Sul.
O Estado ligou para os telefones disponíveis no site da Irapuru, mas não foi atendido. A reportagem também procurou o advogado Lúcio de Constantino, que defende o empresário, mas também não obteve resposta.