quinta-feira, 31 de maio de 2018

'Ninguém mais vai subir ou descer', diz áudio atribuído a empresário preso por locaute

Fabio Serapião, O Estado de S.Paulo

 O primeiro preso por suposta prática de locaute durante as manifestações de caminhoneiros é o empresário Vinicius Pellenz, dono da empresa de logística Irapuru de Caxias do Sul (RS). A Justiça Federal decretou a prisão temporária de Pellenz baseada na possível prática de atentado a liberdade do trabalho, ameaça e associação para o crime.
Estado teve acesso a um áudio atribuído ao empresário com suposta ameaça a caminhoneiros que continuavam a trabalhar  após o início da greve.
Polícia Federal faz ação em posto de gasolina
Viatura da PF chega em posto para ação Foto: PF
- Ô nego, para teus caminhão ali. Vieram falar aqui que ali no Alto Feliz tu tá andando com milho. Não leva milho, não faz nada para a Agrosul - diz o áudio creditado ao empresário. 
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Em outro trecho da gravação, distribuída em grupos de WhatsApp utilizados pelos grevistas, o empresário manda um caminhoneiro parar os caminhões.
- Os guris já estão ligados. Tem uns caras escondidos nos morros das batatas ali pra cima. Agora, ninguém vai mais subir e ninguém vai descer. Para os caminhão.

Em seu site, a Irapuru diz ser "reconhecida como um dos mais modernos e bem equipados operadores logísticos do país, dedicando seus serviços à movimentação e armazenagem de carga em todo território nacional, Argentina e Uruguai". 
Polícia Federal faz busca e apreensão
Policiais cumprem busca e apreensão em caso de locaute Foto: PF
A empresa tem sede em Caxias do Sul (RS) e filiais em São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Espírito Santo e Distrito Federal.
Operação. Deflagrada na manhã de ontem, operação Unlocked [Desbloqueado], teve como objetivo reprimir a prática de locaute em rodovias do Rio Grande do Sul. Ilegal no Brasil, esse tipo de paralisação é promovida por empresários para atender aos seus interesses.
Segundo a PF, mais de 60 policiais federais cumpriram três mandados de busca e apreensão nos municípios de Vale Real e Caxias do Sul, e um de prisão temporária em um condomínio de luxo em Xangrilá. 
O crime, ainda de acordo com a PF, teria ocorrido nas rodovias RS-122, RS-452 e BR-116, na região dos municípios de Bom Princípio, Feliz e Vila Cristina, no Rio Grande do Sul.
Estado ligou para os telefones disponíveis no site da Irapuru, mas não foi atendido. A reportagem também procurou o advogado Lúcio de Constantino, que defende o empresário, mas também não obteve resposta.