Roberta Scrivano, O Globo
O Conselho de Administração da Eletropaulo recomendou aos acionistas da empresa aceitar a proposta de aquisição pela pela italiana Enel ao invés da oferta da Neonergia, controlada pela espanhola Iberdrola. O motivo, esclarece ata da reunião, é o preço mais alto oferecido pela empresa italiana, de R$ 32,20 por ação, contra R$ 32,10 da Neoenergia.
Outro fato relevante da Eletropaulo, divulgado nesta quarta-feira, alerta, porém, que as empresas podem fazer novas proposta até hoje, de acordo com prazo estipulado pela CVM. O leilão pela companhia ocorrerá no próximo dia 4, na Bovespa.
"Esta recomendação, baseada essencialmente na atratividade do preço ofertado, só se reforça, em relação à maior oferta, caso venham a ser apresentadas ofertas superiores por qualquer dos competidores", diz a ata da reunião do Conselho, acrescentando que a recomendação poderia mudar caso novas ofertas fossem feitas até o fim de hoje.
Os principais atrativos da distribuidora paulista, segundo analistas, são: a área de concessão que detém a maior densidade de clientes do país (cerca de 1,5 mil unidades consumidoras por quilômetro quadrado) e o alto potencial de melhoria do retorno aos acionistas depois de investimentos na rede.
Para especialistas no assunto, a Eletropaulo está sucateada (e, portanto, também com o preço baixo) depois de anos sob o controle da americana AES, que aportou pouco para o aperfeiçoamento dos serviços.
Pessoas ligadas ao setor elétrico apostam que a Eletropaulo teminará nas mãos da italiana que tem "situação financeira mais confortável", disse um analista que pediu para não ser identificado.
Rali pelo controle
A concorrência pela compra da distribuidora, responsável pelo fornecimento de luz à região metropolitana de São Paulo, começou no fim de março, quando a própria Enel apresentou uma proposta à Eletropaulo para participar de uma oferta pública de ações em preparação pela empresa. Os valores da oferta não foram divulgados na época.
Pouco depois, em 5 de abril, o grupo brasileiro Energisa divulgou uma oferta pública de aquisição do controle da companhia por R$ 19,38 por ação. Na segunda-feira, a Eletropaulo informou inclusive que o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) havia aprovado sem restrições a aquisição do controle da empresa pela Energia. O negócio era avaliado em R$ 3,24 bilhões.
No dia 17 de abril, a Enel renovou sua proposta e lançou uma oferta pública voluntária para aquisição da totalidade das ações da Eletropaulo por R$ 28 por ação. O investimento resultante da oferta poderia chegar a até R$ 4,7 bilhões. Essa oferta ocorreu no mesmo dia em que a Eletropaulo havia comunicado um acordo de investimento com a Neoenergia que havia se comprometido a apresentar uma oferta pública para a compra da empresa por R$ 25,51 por cada papel.
Dias depois, na última sexta-feira, foi a vez da Neoenergia elevar novamente sua oferta, para R$ 29,40. Até que no dia 25 de abril, Enel aumentou sua proposta para R$ 32 e, horas depois, a Neoenergia subiu para R$ 32,10. Em seguida, novo lance da italiana: R$ 32,20.