Karime Xavier - 26.abr.2011/Folhapress | |
Klaus Schwab, Presidente do Fórum Econômico Mundial |
ELIANE TRINDADE - Folha de São Paulo
Criador do Fórum Econômico Mundial, em Davos, o economista Klaus Schwab, 78, debruçou-se durante um ano em estudos sobre os impactos das profundas transformações tecnológicas do nosso tempo para escrever o livro "A Quarta Revolução Industrial" (ed. Edipro, 159 págs. R$ 49), que chegou às livrarias do Brasil neste mês.
"As mudanças históricas que estamos vivenciando não têm precedentes em termos de tamanho, velocidade e escopo", diz Schwab, ao traçar um panorama sobre tecnologias emergentes, como robótica avançada e veículos autônomos, e negócios disruptores, como Uber e Airbnb.
Para ele, os governos não estão para lidar com tantos desafios. "Os governantes estão concentrados em suas crises e em resolver os problemas de ontem."
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Folha - O que faz o senhor crer que vivemos uma nova revolução industrial?
Klaus Schwab - Temos que ver esta quarta revolução em um contexto histórico. A primeira foi desencadeada pelo invenção da máquina a vapor e pelas ferrovias, e a segunda, pelo advento da eletricidade. Já terceira começou com os computadores e a internet. Agora, temos a quarta, que não é apenas a continuação da anterior. As mudanças históricas que estamos vivenciando não têm precedentes em termos de tamanho, velocidade e escopo.
Que tecnologias o senhor destaca entre aquelas que melhor definem essa nova era?
Descrevo no livro umas 20 tecnologias que simbolizam avanços inimagináveis. São veículos autônomos e robôs com inteligência artificial, máquinas que podem sentir e pensar. Temos impressão 3D, novos materiais, edição genética e novos modelos de produção e distribuição.
Como as tecnologias emergentes estão transformando o ambiente social, econômico e cultural do nosso tempo?
Esta quarta revolução industrial não está apenas transformando profundamente a maneira como nós fazemos as coisas. Ela transforma o modo como vivemos, trabalhamos e nos relacionamos e também o que somos. Estamos desenvolvendo, por exemplo, uma nova identidade física, biológica.
Que impactos positivos e negativos já podem ser medidos?
Se por um lado as tecnologias emergentes e as empresas inovadoras oferecem novos serviços e produtos que melhoram a vida de muitos, por outro, resultam em desemprego e aumento da desigualdade. Mas precisamos olhar para as novas formas de comunicação, produção e distribuição. Eu acredito que a quarta revolução poderá levar a humanidade a um estágio nunca visto antes e criar uma nova renascença.
Governo, sociedade e empresas estão preparados para lidar com esses desafios?
São poucos os governos que entendem o que está acontecendo no mundo. Eles estão mais concentrados em suas crises de governança e em resolver os problemas de ontem. Os governos praticamente não têm tempo de olhar para a frente, de desenhar o futuro de maneira proativa. É preciso entender todas as questões colocadas pelo progresso tecnológico, o que ainda é bem mais difícil em razão da rapidez com que as mudanças têm acontecido. Esse é o desafio dos governos, que nunca foram tão necessários. Eles precisam deixar que as inovações floresçam, mas também atuar para minimizar os riscos.
Qual é o impacto de empresas como Airbnb, Uber, Alibaba na vida e nos negócios?
Organizações como Airbnb e Uber estão provendo oportunidades e transparência. Clientes e consumidores podem ser servidos de forma mais individualizada. Vejo que estão mais satisfeitos, pois têm mais escolhas. Podem ter acesso ao consumo de maneira mais barata. É uma mudança no padrão de consumo, em direção a uma economia compartilhada, na qual não devemos ser donos.
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RAIO-X KLAUS SCHWAB
Formação
Mestre em administração pública por Harvard e doutor em economia pela Universidade de Friburgo
Mestre em administração pública por Harvard e doutor em economia pela Universidade de Friburgo
Atuação
Presidente-executivo do Fórum Econômico Mundial, fundado por ele em 1971
Presidente-executivo do Fórum Econômico Mundial, fundado por ele em 1971