As novas provas contra Dilma vêm à tona exatamente no momento em que se aproxima a votação definitiva do impeachment pelo plenário do Senado, o que praticamente chancela o destino da presidente afastada. Diante dos fatos concretos apresentados pelos técnicos do TSE e nos contundentes depoimentos colhidos pela operação Lava Jato, Dilma passou a última semana se embaralhando em uma sucessão de versões que se modificam a cada dia. Desde o início das investigações, ela afirma que não houve irregularidades em suas campanhas. Na sexta-feira 22, depois de o marqueteiro João Santana revelar ter recebido no Exterior US$ 4,5 milhões de um dos operadores do Petrolão para saldar dívidas da eleição de Dilma, a presidente afastada mudou o tom do discurso. “Se houve caixa dois em minha campanha foi sem o meu conhecimento”, afirmou Dilma, como se fosse possível supor que a titular da disputa eleitoral nada soubesse sobre os maiores pagamentos feitos a seu staff mais próximo. Na quarta-feira 27, a presidente afastada apresentou uma terceira versão. Desta vez jogou a responsabilidade para o PT. “Ele (João Santana) disse que recebeu em 2013. A campanha foi encerrada em 2010 e a partir do momento em que é encerrada, tudo o que ficou pendente de pagamento passa a ser responsabilidade do partido”, disse Dilma. Ela nada comentou sobre o fato de o dinheiro usado para saldar a dívida com o marqueteiro ter origem em desvios praticados na Petrobras, durante seu mandato. Também nada afirmou sobre o pagador ser um dos operadores do Petrolão, já identificado e preso pela Lava Jato. “Quem tratou essa questão (o pagamento de US$ 4,5 milhões) com ele (João Santana) foi a tesouraria do PT”, disse Dilma.
Além dos criminosos pagamentos feitos ao marqueteiro, o TSE encontrou novos indícios de crime na prestação de contas da última campanha de Dilma. Depois de verificar que as gráficas Focal, VTPB e Red Seg receberam R$ 52 milhões por serviços jamais prestados à campanha, como revelado por ISTOÉ, ficou comprovado, na última semana, que a DCO Informática, de Uberlândia (MG), recebeu R$ 4,8 milhões também sem realizar serviço algum. Em tese, a empresa foi contratada para enviar mensagens de apoio a Dilma, via WhatsApp, durante a disputa eleitoral. As investigações do TSE mostraram que a empresa funciona em uma residência, não tem identificação na fachada, possui apenas um computador e três funcionários temporários. Aos investigadores, diretores da DCO disseram ter repassado a missão para a 2K Comunicações, empresa que pertence a Keffin Gracher, um ex-assessor do ex-ministro Edinho Silva, que foi o tesoureiro da campanha petista de 2014. “É evidente que usaram a campanha para lavar dinheiro desviado do Petrolão e poderá haver punição também na esfera penal”, afirmou o ministro Gilmar a um colega do TSE.