Sérgio Roxo - O Globo
Ao ser homologada candidata a prefeita de São Paulo pelo PMDB neste sábado, Marta Suplicy atacou o seu antigo partido, o PT, e, de forma indireta, a gestão do seu ex-colega de legenda, Fernando Haddad. Nenhuma liderança nacional do PMDB compareceu ao evento. O único ministro presente foi Gilberto Kassab (Comunicações e Ciência e Tecnologia), presidente nacional do PSD, partido do vice da chapa Andrea Matarazzzo, e antigo crítico da gestão Marta. .
A candidata do PMDB foi prefeita de São Paulo pelo PT entre 2001 e 2004. Pela mesma legenda, disputou a reeleição em 2004 e foi derrotada por José Serra (PSDB). Em 2008, ainda como petista, concorreu novamente mas perdeu para o próprio Kassab, que estava no DEM.
Em seu discurso, Marta explicou porque deixou o PT no ano passado:
— Eu saí quando constatei que o PT não reunia mais nenhuma condição de mudar os rumos que os seus dirigentes escolheram para o partido e para o país. Não são as pessoas que mudam as pessoas, são pessoas que constroem partidos.
A peemedebista negou que tenha mudado de lado ao trocar de legenda, como acusou Haddad.
— Não se pode ter medo de mudar. Ninguém pode abrir mão de valores e de coerência
Marta ainda elogiou o seu partido e, sem citar o presidente interino, Michel Temer, disse que a sua nova legenda tem condições de tirar o país da crise deixada pela gestão da presidente afastada, Dilma Rousseff, de quem foi ministra da Cultura.
— (O PMDB tem condições de) devolver a todos os brasileiros a esperança sequestrada por uma série de equívocos que mergulharam o Brasil na mais grave crise de sua história
Ao criticar Haddad, Marta não citou nominalmente o atual prefeito, mas atacou os gestores que não percorrem a cidade. Haddad é criticado por fazer poucas visitas a bairros da periferia.
— São Paulo não precisa mais de gabinete. Precisa de rua, de uma prefeita que conheça cada canto de sua cidade. Uma prefeita e um vice que não atrapalhem os que querem trabalhar. Que construam pontes na cidade, que não coloquem a culpa nos outros, que assuma as suas responsabilidades.
Matarazzo, antigo opositor da gestão Marta, elogiou em seu discurso projetos implantados na cidade pela ex-petista, como o bilhete único e os Centros Educacionais Unificados (CEUs), os escolões no modelo dos Cieps construídos em bairros da periferia de São Paulo.