New York Times
- Condecorada por Barack Obama, ela havia lido um de seus poemas na cerimônia de posse de Bill Clinton
NOVA YORK — Maya Angelou, poeta, ativista política e memorialista norte-americana, morreu aos 86 anos nesta quarta-feira, em sua casa na cidade de Winston-Salem, na Carolina do Norte. Marguerite Ann Johnson, que recebeu o apelido Maya de seu irmão, nasceu em Saint Louis, no Missouri, em 1928. Ela se destacou nos anos 1960 durante o movimento pelos direitos civis, ajudando a mudar a sociedade segregada na qual cresceu.
Angelou lançou em 1969 o livro “Eu sei por que o pássaro canta na gaiola”, que descreve de forma lírica sua difícil infância no sul dos EUA, passada no estado de Arkansas. A obra, que tenta desvendar o enigma do ódio racial no país, se tornou uma das primeiras autobiografias escritas por uma mulher negra americana a alcançar o grande público.
Conhecida por suas memórias, que chegaram a ocupar seis volumes, Angelou recebeu do presidente Barack Obama a Medalha Presidencial da Liberdade há três anos. Sua maior exposição pública ocorreu em janeiro de 1993, quando leu seu poema "On the pulse of morning" durante a cerimônia de posse de Bill Clinton, 42º presidente dos EUA, que também cresceu numa zona rural pobre do estado de Arkansas.
A polivalente escritora estudou e ensinou dança em excursões pela Europa e pela África, produziu e estrelou espetáculos na Broadway, escreveu para jornais na África e produziu um seriado para a televisão sobre a negritude na sociedade americana. Em 1964, ajudou Malcom X a estabelecer a Organização de Unidade Afro-americana. Na mesma década, a pedido de Martin Luther King Jr., coordenou a Conferência de Liderança Cristã no Sul.
Seu trabalho também teve influência no cinema e na música. John Singleton usou seus poemas em "Poetic justice" (1993), filme no qual Angelou atuou ao lado de Janet Jackson e Tupac. No ano seguinte, Ben Harper adaptou um de seus poemas na canção "I'll rise", de seu álbum de estreia "Welcome to the cruel world".
A causa da morte ainda não foi determinada, mas sua agente literária, Helen Brann, disse que Angelou estava com a saúde frágil há algum tempo e sofria de problemas cardíacos.