terça-feira, 1 de abril de 2014

Oposição decide coletar, na Câmara, assinaturas para CPI mista da Petrobras

Expectativa é conseguir os 171 apoios até amanhã e já protocolar o requerimento

 
Isabel Braga e Fernanda Krakovics - O Globo
 
 
Os líderes de seis partidos da oposição na Câmara - PSDB-DEM-PSB- SDD-PPS e PSOL - se reuniram na manhã desta terça-feira e decidiram coletar, novamente, assinaturas para uma CPI mista de investigação da Petrobras. Embora um requerimento, coordenado pelo PPS, já tivesse obtido assinaturas suficientes, a oposição optou por coletar novamente os apoios com base no requerimento de CPI mista do PSDB do Senado e que já tem as assinaturas de 29 senadores. A intenção é conseguir os 171 apoios até amanhã e já protocolar o requerimento.

— Chegamos a conclusão de que o melhor é coletar novamente as assinaturas com base no texto do Senado, que já tem o apoio dos senadores. Para evitar questionamentos futuros. Entre hoje a amanhã, coletaremos novamente as assinaturas dos deputados - afirmou o líder do PPS.

O líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), afirmou que o partido vai assinar a CPI da Petrobras e também assinará outros requerimentos para abertura de CPIs, como o que pode ser entregue pelo PT para investigar denúncias de suposto cartel na compra de trens em São Paulo.

— Vamos assinar porque o Senado já assinou. Se o senado já assinou, não tem porque nós não assinarmos. Até porque se ela vai existir, que seja CPI mista — disse Cunha.

Cunha almoçou hoje com representantes dos partidos do chamado blocão, que apoiam o governo. Segundo ele, os deputados desse grupo também assinam requerimentos de CPI.

A estratégia de conseguir abrir uma CPI mista sobre a Petrobras, e não somente uma no Senado, pode ajudar o governo. Caso a comissão conte com deputados, deve ser relatada e presidida pelos partidos com maior bancada – PT e PMDB. Por outro lado, se a CPI for aberta somente no Senado, é provável que o PSDB- que apresentou o requerimento, fique com a relatoria ou presidência da comissão, o que é menos favorável ao governo.


Segundo Bueno, a oposição também decidiu nesta terça-feira, que se o governo ou o PT apresentarem um requerimento de CPI, para investigar as denúncias de formação de cartel no metrô de São Paulo em governos paulistas comandados por tucanos, assinará a proposta. Na semana passada, numa ofensiva à CPI da Petrobras, o PT anunciou que iria propor uma adendo à comissão para investigação das denúncias ligadas ao PSDB e ao PSB, partidos dos dois principais presidenciáveis adversários da presidente Dilma.

— Nós, da oposição, estamos na linha de apoiar qualquer investigação. Não vamos aceitar adendo porque isso é ilegal, é contra a lei que manda ter fato determinado - acrescentou Bueno.

Governistas desistiram de ampliar investigação

O deputado Paulo Teixeira (PT-SP) estava recolhendo assinaturas, na posse do ministro Ricardo Berzoini, no Palácio do Planalto, para criar uma CPI específica para investigar o escândalo de corrupção envolvendo licitações de trens e metrô nos governos tucanos de São Paulo. Uma das que assinou foi a suplente de Berzoini na Câmara, Maria Lúcia Prandi, que nem tomou posse ainda.

Teixeira disse que o governo desistiu de ampliar o escopo da CPI da Petrobras, para incluir investigações contra a oposição:

— Aí ia virar a CPI do fim do mundo.

Governistas na verdade têm dúvida sobre a viabilidade jurídica de ampliar o foco da CPI da Petrobras.

O presidente do PT, Rui Falcão, insistiu no discurso de que a CPI é um ataque à empresa, e não à presidente Dilma Rousseff:

— Essa jogada político-eleitoral enfraquece a Petrobras, que é a maior empresa brasileira.


 

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