quarta-feira, 30 de abril de 2014

Oposição diz que Petrobras não vende Pasadena pois quer esconder tamanho do real prejuízo com a compra

Oposição critica explicações de Graça e diz que audiência não esclareceu denúncias

Washington Luiz - O Globo
 
 
Ao afirmar nesta quarta-feira que a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, foi algo “potencialmente” bom, a presidente da Petrobras, Graça Foster, reforçou o entendimento da oposição de que há controvérsias nas explicações sobre o negócio. Para os parlamentares, o governo quer evitar críticas ao ex-presidente da empresa, José Sérgio Gabrielli, com medo de que ele faça declarações comprometedoras.

A oposição argumentou ainda que a afirmação feita por Graça nesta terça-feira durante audiência pública na Câmara não condiz com o que ela defendeu há 15 dias no Senado, quando garantiu que a compra tinha sido um mau negócio. Os deputados do PT, porém, elogiaram as explicações da presidente.

Durante a audiência, Graça afirmou que os prejuízos na compra de Pasadena foram resultados da crise econômica de 2008 e que eles podem ser revistos "total" ou "parcialmente". Ela também garantiu que o governo não tem intenção de vender a refinaria.

Mendonça Filho, líder do DEM na Câmara, considerou que Graça não forneceu as informações suficientes para esclarecer a compra:

— Continua a contradição. Ela contraria o que a Dilma e o Gabrielli disseram. Sobre a decisão de não vender a refinaria, o governo só não faz isso para não mostrar o tamanho do prejuízo que levou, porque ela vale pouco — disse.

O líder do PSBD, Antonio Imbassahy, também acompanhou a audiência com Graça e disse que ela fez um arranjo confuso para tirar a responsabilidade da presidente Dilma Rousseff:

— Ficou nítido que ela tentou fazer um discurso que deixa o Gabrielli neutralizado e protege a presidente Dilma Rousseff. Há uma acordo para mostrar que Dilma não sabia, mas isso não convence.

Para deputados do PT, como Renato Simões (PT-SP), a audiência pública fragiliza a criação de uma CPI:

— A Graça ofereceu todos os dados que nos permitem fazer uma análise racional da compra. A única coisa que sobra para a oposição fazer é analisar a nota da Dilma sobre a compra e isso não é motivo para CPI. O mérito das denúncias já está bem explicado — defendeu.

Outro aliado do governo, o deputado Edson Santos (PT-RJ), garantiu que as explicações foram satisfatórias:

— As dúvidas que tínhamos foram supridas. Ficou tudo muito claro e sem contradições. Foi um ambiente de diálogo e saímos satisfeitos.