O Globo
A Alstom, que fabrica equipamentos para os setores ferroviário e de energia, aprovou nesta terça-feira o início das negociações formais com a GE, que ofereceu € 12 bilhões de euros pelos ativos da indústria francesa, mas manteve a porta aberta para a Siemens fazer uma proposta mais agressiva, no mais recente desdobramento de uma disputa que está mobilizando as principais autoridades da França, políticos de todos os espectros e trabalhadores.
A Siemens, por sua vez, disse que ainda pode fazer uma oferta pelas divisões de energia da Alstom e, em carta à francesa, pediu acesso a suas informações financeiras e aos dirigentes da companhia, para fazer uma due diligence (investigação) de quatro semanas. A Siemens tem interesse na Alstom há mais de uma década. Porém, em paralelo, está analisando a compra de parte da divisão de energia da Rolls Royce, que faz pequenas turbinas para a indústria de óleo e gás.
A Alstom enfrenta um cenário de alto endividamento e baixa demanda. Fornecedora de itens considerados estratégicos para a infraestrutura do país — como trens (inclusive o TGV, de alta velocidade), turbinas elétrica e reatores nucleares —, a empresa tem seu futuro observado na lupa do governo francês.
Na segunda-feira, o presidente François Hollande se reuniu com o chefão da americana GE, Jeffrey Immelt, para discutir a independência da indústria nuclear francesa e a manutenção dos postos de trabalho — a Alstom é uma das maiores empregadoras da França, com quase 18 mil funcionários. Na véspera, porém, o ministro da Economia, Arnaud Montebourg, havia expressado preferência por um acordo com a Simens, de origem alemã.
Nesta terça-feira, na Assembleia Nacional, ele reafirmou a existência de uma oferta da alemã e a disposição de levar tanto tempo quanto necessário para se posicionar a respeito do negócio. A americana GE, por sua vez, quer fechar logo a transação: Immelt chegou a Paris para bater o martelo no domingo, quando se deparou com um novo panorama, pois no sábado surgiu a manifestação de interesse da alemã.
A GE cobiça o setor de energia da Alstom, mas não a de transportes, e argumenta que por isso a perda de empregos seria menor que no caso de a francesa se associação à Siemens, pois esta também fabrica trens.
Contudo, a Siemens ofereceria concessões, como posições na diretoria da nova empresa — que seria formada na associação com a Alstom — e a manutenção dos empregos.
Em meio a informações desencontradas, nesta terça-feira, o “Wall Street Journal” afirmou que o acordo entre a GE e a Alstom pode ser anunciado ainda nesta quarta-feira, mas precisa de aprovação do sindicato para ser sair.