quarta-feira, 30 de abril de 2014

"De vento em popa", por Tasso Azevedo

O Globo
 

Brasil tem o maior crescimento de geração eólica na América Latina

 
A evolução da expansão da energia eólica nos últimos 15 anos é um bom indicador da revolução energética que se descortina. Entre 2000 e 2013 toda a capacidade instalada de geração elétrica eólica subiu de 17 mil MW para 318 GW, ou seja a capacidade foi aumentada em 18 vezes em 13 anos. Apenas em 2013 foram instalados 37 mil MW, cerca de cinco vezes o que foi instalado de novas hidrelétricas.

Segundo o “Global Wind Report”, em 2014 serão instalados um recorde de 47 mil MW de energia eólica e as projeções são de alcançar 600 mil MW em 2018. Na China a meta é alcançar 220 mil MW instalados até 2020 (em 2014 já chegará em 100 mil MW), o que deve representar até 10% da capacidade instalada de geração de energia elétrica no país.

Embora grande parte dos seis milhões MW da capacidade instalada de geração elétrica ainda seja predominantemente baseada em combustíveis fósseis (em especial carvão e gás), as fontes renováveis já representaram mais da metade da capacidade energética instalada no mundo em 2013, com destaque para solar e eólica, que juntas responderam por mais de 70 mil MW instalados (metade de toda capacidade acumulada de geração elétrica no Brasil, incluindo todas as hidrelétricas).

A energia eólica, que até o ano 2000 representava 0,5% da capacidade global, em 2013 representou 6% da capacidade instalada, e caminha para chegar a 10% em 2020, e 20% em 2035.

Diferentes estudos apontam que o potencial global de geração eólica, considerando um fator de capacidade de 20%, pode chegar a 40 vezes a demanda atual de energia de todo o planeta. Como sempre está ventando em algum lugar do globo, não é difícil imaginar que a interligação continental de sistemas elétricos (assim como acontece com gás) permitirá multiplicar rapidamente a participação da energia eólica na matriz elétrica global.

E engana-se quem imagina que essa fonte de energia é movida a subsídios. Muito pelo contrário. Na Europa, por exemplo, em 2013 os subsídios para geração eólica foram da ordem de US$ 2 bilhões contra US$ 421 bilhões para o petróleo.

O Brasil é o país que tem o maior crescimento de geração eólica na América Latina, mesmo que ainda tímido em relação ao potencial. Depois de resistir por anos a investir nessa fonte, no fim de 2009 o governo realizou o primeiro leilão exclusivo para eólicas e o sucesso foi tamanho que em 2013 os leilões de eólica voltaram a ser exclusivos, desta vez para dar chance as outras fontes (inclusive fósseis) nos leilões abertos. Paradoxos de um país que insiste em andar na contramão.