O Globo
A mais recente pesquisa eleitoral, encomendada pelo Conselho Nacional de Transportes à MDA, mostra, além da queda de popularidade da presidente Dilma, uma candidatura de oposição, a do senador Aécio Neves, do PSDB, alcançando pela primeira vez um índice acima dos 20% do eleitorado.
Na mesma pesquisa, outro candidato oposicionista, o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, do PSB, alcança uma marca de dois dígitos também pela primeira vez.
Não é à toa, portanto, que a campanha pela volta de Lula como candidato à Presidência da República pelo PT em lugar de Dilma cresceu tanto nos últimos dias. E, em contrapartida, aumentou o alvoroço na base aliada do governo, com uma debandada de políticos buscando se posicionar mais próximo de onde o vento está soprando, e esse lugar deixou de ser o Palácio do Planalto.
Já escrevi aqui que não existe nada que agregue mais na política do que a expectativa de poder. Agrega mais, em certas circunstâncias, que o poder presente, finito por definição. Esse poder presente vai ficando cada vez mais restrito à medida que a distância entre a presidente Dilma e os demais candidatos vai encurtando, levando à crença, num primeiro momento, de que o segundo turno é inevitável.
E a redução das apostas em Dilma agora veio acompanhada do crescimento da oposição, o que dará mais fôlego a ela nos próximos movimentos.
O candidato do PSDB cresceu mais depois de seu programa de propaganda oficial na televisão, numa demonstração de que a exposição de suas ideias ajuda o melhor conhecimento pelo público e o leva a se colocar no jogo eleitoral com mais força.
Há sinais na pesquisa CNT/MDA que confirmam a perspectiva ruim para os governistas. A avaliação positiva do governo da presidente Dilma Rousseff caiu de 36,4% em fevereiro para 32,9% em abril, o que a coloca em situação vulnerável na disputa pela reeleição.
Diversos estudos demonstram que a fronteira mínima confortável para a reeleição é de 36% de aprovação do governo.
Analisando as 104 eleições para governador ocorridas entre 1998 e 2010, o cientista político Alberto Carlos de Almeida identificou que os candidatos que tinham, antes do primeiro turno, aprovação igual ou maior que 46% foram reeleitos.
Em contrapartida, aqueles que tinham 34% ou menos de ótimo e bom foram derrotados. Os estudos mostram ainda que os candidatos com aprovação entre 35% e 45% têm chances de se reelegeram em torno de 40%.
A pesquisa CNT/MDA mostra também que a aprovação pessoal de Dilma caiu de 55% para 47,9%. O índice de eleitores que reprovam o governo Dilma já é tecnicamente igual ao dos que o aprovam, quando na última pesquisa a vantagem a favor da presidente era de 14 pontos percentuais. Agora, passou a ser de menos de dois pontos.
Ao mesmo tempo em que a distância para seus adversários reduz-se no primeiro turno, num hipotético segundo turno a presidente Dilma também está caindo.
A diferença numa disputa com Aécio Neves caiu de 23,2 pontos para 10,1 pontos. Também Eduardo Campos cresceu no segundo turno contra Dilma, de 18% para 24%, enquanto Dilma caiu de 48,6% para 41,3%.
Correção
Recebi do Instituto Lula uma gravação da entrevista que o ex-presidente concedeu na Espanha, em que ele alegou não querer comentar o caso da Petrobras por estar “fora” do país.
A reprodução da entrevista na “Folha de S. Paulo” cometeu um erro, que o jornal já corrigiu, dizendo que o presidente dissera “estar por fora” do problema, o que me levou a criticá-lo.
Está feita a correção, que, no entanto, não altera em nada o teor de minha coluna de ontem.