quarta-feira, 2 de abril de 2014

Mantega diz que Conselho da Petrobras analisou compra de Pasadena com 'toda a profundidade necessária'

Em março, a presidente Dilma dissera que aprovou operação 'com base em informações incompletas' fornecidas pela diretoria

 
  • Segundo o ministro, o governo não teme qualquer investigação na estatal
Martha Beck - O Globo
 
 
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, defendeu nesta quarta-feira a decisão do conselho da Petrobras na operação de compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, pela estatal. A oposição já conseguiu no Congresso o número suficiente de assinaturas para abrir uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para investigar o fato de a estatal ter pago ao grupo belga Astra Oil o total de US$ 1,2 bilhão pela refinaria. Anteriormente, o grupo Astra havia adquirido Pasadena por um valor bem mais baixo.

— Eu tenho a certeza de que o Conselho agiu corretamente nessa ocasião (da compra da refinaria). Ele é formado por pessoas da mais alta competência e analisou a compra com toda a profundidade necessária — disse o ministro, que hoje é presidente do conselho da Petrobras, ao participar do programa “Bom Dia, Ministro”, da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC).

No último dia 19 de março, a Secretaria de Comunicação da Presidência justificou, por meio de nota, que a presidente Dilma Rousseff votou pela compra da refinaria "com base em informações incompletas".

A compra, que é investigada pelo Tribunal de Contas da União (TCU), foi executada em fevereiro de 2006, quando Dilma era ministra da Casa Civil do ex-presidente Lula e presidente do Conselho de Administração da Petrobras.

Segundo Dilma, ela tomou a decisão embasada em um resumo executivo feito pelo diretor da Área Internacional da estatal, o qual não informava sobre duas cláusulas, uma que garantia à sócia da Petrobras lucro de 6,9% mesmo em condições adversas (cláusula Marlim) e outra que obrigava uma das partes a comprar a outra em caso de desacordo.

Por conta dessas cláusulas que, segundo a presidente, foram omitidas quando aprovou o negócio, a Petrobras foi obrigada a comprar 100% da refinaria dois anos depois.
Mantega disse ainda, nesta quarta-feira, que o governo não teme qualquer investigação da Petrobras e ressaltou que a empresa é fiscalizada o tempo todo, seja pelo Tribunal de Contas seja por auditoria interna:

— A Petrobras é uma empresa que todo o tempo tem suas atividades analisadas, não só pelo conselho de administração do qual faço parte. Então pode investigar, deve investigar, somos favoráveis a isso e vamos ver que a empresa trabalha na mais alta regularidade.O ministro afirmou que, no ano passado, o investimento da Petrobras somou US$ 48 bilhões e que a produção da empresa subirá 7,5% a partir de 2014:

— É uma empresa sólida, valiosa e vai apresentar resultados para os brasileiros.
Embora tenha sido convidado para ir ao Congresso para falar sobre a operação de Pasadena, o ministro disse que quem vai explicar o assunto aos parlamentares são a presidente da Petrobras, Graça Foster e o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão. A ida de Mantega à Câmara foi confirmada para o dia 23 de abril.