terça-feira, 1 de abril de 2014

Líderes do 'blocão' prometem apoio à CPI mista que vai apurar roubalheira lulista na Petrobras

Oposição decide coletar na Câmara assinaturas para CPI mista. Expectativa é conseguir os 171 apoios até amanhã e já protocolar o requerimento

 
 
  • Integrantes do 'blocão' empenham apoio também a possível abertura de CPI sobre suposto cartel na compra de trens em São Paulo

 
 
Isabel Braga e Fernanda Krakovics - O Globo
 
 
Os líderes do chamado "blocão", formado por cinco partidos que apoiam o governo, decidiram nesta terça-feira que vão assinar e orientar suas bancadas a assinarem o requerimento de abertura da CPI mista da Petrobras, também com participação de deputados. Além disso, em reunião hoje, líderes do PMDB, PR, PTB, PSC e SDD decidiram apoiar outros pedidos de abertura de CPI - como o que o PT pode tentar coletar assinaturas, para investigar suposto cartel na compra de trens em São Paulo.

— Vamos assinar (requerimento da CPI da Petrobras) porque o Senado já assinou. Se o Senado já assinou, não tem por que nós não assinarmos. Até porque se ela vai existir, que seja CPI mista — disse o líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ).

Cunha almoçou hoje com representantes dos partidos do chamado blocão, que apoiam o governo. Segundo ele, os deputados desse grupo também assinam requerimentos de CPI. Também participaram da reunião os líderes Bernardo Santana (PR-MG), Jovair Arantes (PTB-GO), André Moura (PSC-SE) e Fernando Francischini (SDD-PR).
A estratégia de conseguir abrir uma CPI mista sobre a Petrobras, e não somente uma no Senado, pode ajudar o governo. Caso a comissão conte com deputados, deve ser relatada e presidida pelos partidos com maior bancada – PT e PMDB. Por outro lado, se a CPI for aberta somente no Senado, é provável que o PSDB- que apresentou o requerimento, fique com a relatoria ou presidência da comissão, o que é menos favorável ao governo.

— Nós decidimos assinar a CPI da Petrobras com nossas bancadas. E vamos assinar tudo que tiver de CPI. Não temos receio de assinar CPIs, porque os estados têm de ter transparência nos gastos públicos — disse Francischini. — Daremos as assinaturas que faltam para a CPI da Petrobras, mas não vamos usar o blocão para bloquear qualquer outro tipo de investigação. Se o PT propuser, nos vamos assinar — disse o líder.

Nos bastidores, apesar de apoiarem, os líderes avaliam que a decisão do governo e do PT de apoiar uma CPI sobre o suposto cartel de trens pode ser um tiro no pé, pois a investigação pode acabar incluindo outros contratos, inclusive federais e no setor elétrico.

O governo Dilma e o PT ainda não têm clareza da melhor estratégia a adotar para tentar barrar as investigações sobre a Petrobras no Congresso: ampliar o escopo da CPI sobre a empresa ou criar uma CPI específica para investigar as denúncias de corrupção em licitações de trens e metrô que atingem governos do PSDB em São Paulo. O partido já está coletando assinaturas para a CPI da Alstom e pretende ficar com essa carta na manga.

— Vamos incluir seja lá como for essas denúncias da Siemens, da Alstom, do chamado "trensalão". Aqui na Câmara já existe um requerimento do deputado Paulo Teixeira (para criar uma CPI da Alstom) e já há entendimento do Senado que é possível fazer um adendo (à CPI da Petrobras). Estamos em um período metamorfósico — afirmou o líder do PT na Câmara, deputado Vicentinho (PT-SP).

O deputado Paulo Teixeira (PT-SP) afirmou na tarde desta terça-feira que faltavam 30 assinaturas para alcançar as 171 necessárias na Câmara para criar a CPI da Alstom. Seu objetivo é entregar o requerimento nesta quarta-feira para o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), com o objetivo de fazer uma comissão mista.

— As investigações (do Ministério Público) não deram conta do todo, estão pegando peixe pequeno. Esse esquema não teria sido feito sem autorização política. O diretor da Alstom disse que os fatos ocorreram no governo de São Paulo e do Distrito Federal. Esse vai ser o objeto da CPI — disse Teixeira.

Oposição coleta assinaturas para CPI mista da Petrobras

Os líderes de seis partidos da oposição na Câmara (PSDB-DEM-PSB-PPS e PSOL) se reuniram na manhã desta terça-feira e decidiram coletar, novamente, assinaturas para uma CPI mista de investigação da Petrobras. Embora um requerimento, coordenado pelo PPS, já tivesse obtido assinaturas suficientes, a oposição optou por coletar novamente os apoios com base no requerimento de CPI mista do PSDB do Senado e que já tem as assinaturas de 29 senadores. A intenção é conseguir os 171 apoios até amanhã e já protocolar o requerimento.

— Chegamos a conclusão de que o melhor é coletar novamente as assinaturas com base no texto do Senado, que já tem o apoio dos senadores. Para evitar questionamentos futuros. Entre hoje a amanhã, coletaremos novamente as assinaturas dos deputados — afirmou o líder do PPS.

Segundo Bueno, a oposição também decidiu nesta terça-feira, que se o governo ou o PT apresentarem um requerimento de CPI, para investigar as denúncias de formação de cartel no metrô de São Paulo em governos paulistas comandados por tucanos, assinará a proposta. Na semana passada, numa ofensiva à CPI da Petrobras, o PT anunciou que iria propor uma adendo à comissão para investigação das denúncias ligadas ao PSDB e ao PSB, partidos dos dois principais presidenciáveis adversários da presidente Dilma.

— Nós, da oposição, estamos na linha de apoiar qualquer investigação. Não vamos aceitar adendo porque isso é ilegal, é contra a lei que manda ter fato determinado - acrescentou Bueno.


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