Ausente dos palanques oficiais, pré-candidato do PT aumenta isolamento
Cássio Bruno - O Globo
Ao desembarcar nesta quarta-feira no Rio, a presidente Dilma Rousseff pode sacramentar ainda mais o isolamento do senador Lindbergh Farias, pré-candidato ao governo do estado pelo PT. A presidente dividirá palanques em duas cerimônias — no Galeão e no metrô — com o governador Sérgio Cabral e o vice Luiz Fernando Pezão, ambos do PMDB. Pezão também concorrerá à sucessão estadual.
Dilma chega ao estado com a missão de apaziguar os ânimos dos peemedebistas rebelados contra o PT por não ter barrado a intenção de Lindbergh disputar as eleições de outubro.
—A Dilma precisa do PMDB. Ela quer pacificar o clima no Rio — afirmou um petista.
Lindbergh não comparecerá aos eventos. No bastidores, a atitude da presidente irritou o PT fluminense. Segundo petistas, Dilma “erra muito” ao colar sua imagem ao governo Cabral, que, para eles, está desgastado após as manifestações de junho do ano passado, e a Pezão, que ainda não decolou nas pesquisas de intenção de voto.
O presidente regional do PT, Washington Quaquá, no entanto, admitiu que deputados do PT vão participar dos eventos com Dilma, Cabral e Pezão, ignorando a saia-justa de Lindbergh.
— Tanto no aeroporto quanto no metrô há recursos federais. É natural a presença de parlamentares (do PT). O nosso candidato (Lindbergh) só não irá para não ficar no palanque do Cabral — disse Quaquá.
No último dia 13, Dilma recebeu Cabral, Pezão e o prefeito Eduardo Paes (PMDB) no Palácio do Alvorada. No encontro, Dilma teria dito aos três que a pré-candidatura de Lindbergh não seria uma opção sua, mas do ex-presidente Lula, e que não poderia ficar contra Pezão.
Lindbergh não tem certeza de que terá Dilma em seu palanque na campanha. Além de Pezão e de Lindbergh, outros dois pré-candidatos ao governo do Rio fazem parte da base aliada da presidente: o deputado federal Anthony Garotinho (PR) e o ex-ministro da Pesca Marcelo Crivella (PRB). Por ter quatro opções e para evitar constrangimentos, Dilma poderá optar por não ter agenda pública com nenhum deles.
Outra incógnita é Lula. Principal avalista de Lindbergh, o ex-presidente não compareceu ao lançamento da pré-candidatura, em fevereiro. Petistas criticaram a ausência dele, que optou por ficar longe do Rio para não azedar ainda mais a relação com Cabral e Pezão.
Os problemas de Lindbergh não param. Nenhum partido até o momento apoia o petista. PDT e Solidariedade recusaram o convite do senador e preferiram ficar na chapa de Pezão. O PSB preferiu abraçar a pré-candidatura do deputado federal Miro Teixeira (PROS).
Lindbergh nega o isolamento:
— Eu tenho apoio do Lula e da Dilma. Sofri uma pressão do tamanho do mundo (para desistir de disputar a eleição). Quero a participação deles lá na frente, na campanha.