Christian Reiermann
Ele não é o primeiro a fazê-lo, mas é alguém de peso suficiente para piorar as tensões. Na segunda-feira (31), o ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, disse que vê paralelos entre a anexação da Crimeia por Putin e a tomada da região dos montes Sudetos por Adolf Hitler. Como o sr. Euro da Alemanha, Wolfgang Schäuble é um dos políticos mais conhecidos do país no exterior. Quando o ministro das Finanças fala, as pessoas geralmente escutam.
Mas, na manhã de segunda-feira (31), as declarações públicas em seu ministério causaram espanto. Schäuble fez declarações traçando paralelos entre as políticas de Adolf Hitler e as do presidente russo, Vladimir Putin.
Crise na Ucrânia
31.mar.2014 - Pedestres passam por acampamento da força de autodefesa ucraniana Maidan, na praça da Independência, em Kiev Shamil Zhumatov/Reuters
31.mar.2014 - Pedestres passam por acampamento da força de autodefesa ucraniana Maidan, na praça da Independência, em Kiev Shamil Zhumatov/Reuters
Schäuble disse que as ações da Rússia na Ucrânia fizeram com que ele se lembrasse do expansionismo da Alemanha nazista. "Hitler já adotou esses métodos na região dos montes Sudetos", disse Schäuble em um evento público no Ministério das Finanças, em Berlim, na manhã de segunda-feira. "Isso é algo que todos conhecemos pela história."
Os comentários de Schäuble foram direcionados à justificativa dada pelos russos para a anexação da Crimeia. As autoridades russas alegam que os habitantes de etnia russa da península eram ameaçados pela Ucrânia. Os nazistas apresentaram um argumento semelhante em 1938, de que "os habitantes de etnia alemã" nas regiões periféricas do que era, na época, a Tchecoslováquia precisavam de proteção.
Diante das tensões entre a Rússia e o Ocidente e a proeminência política do ministro das Finanças na Europa, os comentários de Schäuble podem intensificar ainda mais a discórdia.
O ministro fez os comentários enquanto falava para 50 crianças de Berlim que participavam de um projeto sobre a União Europeia organizado pelo governo. Schäuble respondeu às perguntas dos estudantes sobre a unidade europeia e sobre a crise do euro. Ele fez seus comentários depois que um aluno perguntou se a crise na Ucrânia tinha o potencial de intensificar os problemas na zona do euro. Schäuble disse que o mais importante era impedir que a Ucrânia se tornasse insolvente.
Ele disse que se o governo em Kiev não conseguir mais pagar suas forças de segurança, "então, é claro, alguns bandos armados buscariam tomar o poder".
Isso, ele alertou, poderia servir como pretexto para uma intervenção russa. "Os russos então diriam que não podem aceitar aquilo, que trata-se de uma ameaça à nossa população russa. Agora nós temos que protegê-la e esse é nosso motivo para a invasão."
Crise na Ucrânia gera bate-boca mundial
18.mar.2014 - ?Nossos parceiros do Ocidente cruzaram uma linha, uma linha vemelha. Eles foram irresponsáveis", afirmou Vladimir Putin, presidente russo, em discurso muito aplaudido, no qual não poupou críticas ao Ocidente pelo que chamou de "interferência" e pelas sanções adotadas contra a Rússia em repúdio ao referendo Arte UOL
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