segunda-feira, 5 de junho de 2017

Por que Vossa Excelência recebeu ‘conhecido falastrão’ em sua residência?, questiona PF a Temer

Fausto Macedo, Fabio Serapião e Julia Affonso - O Estado de São Paulo


No extenso rol de 84 perguntas endereçadas ao presidente,

 delegado federal Thiago Machado Delabary inclui indagação

 sobre a visita do empresário Joesley Batista ao peemedebista

 no Palácio do Jaburu



Michel Temer. Foto: EFE/Joédson Alves.

No extenso rol de 84 perguntas dirigidas a Michel Temer, a Polícia Federal questionou o presidente sobre as razões que o levaram a receber no Palácio do Jaburu, na noite de 7 de março, o empresário Joesley Batista, da JBS – a quem o próprio Temer, em declaração pública, classificou de ‘conhecido falastrão’.
Dias depois do estouro da Operação Patmos, em que veio a público o áudio da conversa que teve com Joesley, o presidente declarou publicamente que seu visitante no Jaburu ‘é um conhecido falastrão’. O presidente afirmou que o áudio foi ‘manipulado, adulterado’.
No questionamento ao presidente, a PF indaga ‘qual o motivo, então, para tê-lo (Joesley) recebido em sua residência, em horário não usual, em compromisso extraoficial e sem que o empresário tivesse sido devidamente cadastrado quando ingressou às instalações do Palácio’.
A Polícia Federal enviou 84 perguntas a Temer no inquérito da Operação Patmos, desdobramento da Lava Jato. Na semana passada, o ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), deu 24 horas para o presidente responder às indagações dos investigadores.
As perguntas foram entregues a um advogado do peemedebista às 16h30 desta segunda-feira, 5. O documento é assinado pelo delegado federal Thiago Machado Delabary.
O conteúdo do áudio da conversa de Joesley e Temer é peça chave do inquérito da Polícia Federal que põe o presidente sob suspeita de corrupção e lavagem de dinheiro.
O empresário fez a gravação às escondidas – o presidente não sabia que sua visita no Jaburu estava munida de um gravador.
Nessa conversa, Joesley narrou a Temer uma rotina de crimes, como o pagamento de contribuição de R$ 50 mil mensais ao procurador da República Ângelo Goulart e mesada milionária da Eduardo Cunha (PMDB), em troca do silêncio do ex-presidente da Câmara, preso desde outubro de 2016 na Operação Lava Jato.
Segundo os investigadores, a reunião serviu para Temer ‘escalar’ Rocha Loures como seu interlocutor com a JBS para tratar dos interesses do grupo no governo.
Temer alega que o áudio foi ‘manipulado, adulterado’. O áudio está sendo submetido a uma perícia no Instituto Nacional de Criminalística, braço da Polícia Federal.