Ed Ferreira/Folhapress | |
Michel Temer e o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha |
WÁLTER NUNES
VENCESLAU BORLINA FILHO
Folha de São Paulo
Possíveis novos homens-bomba no caminho de governo, oposição e empresas
Foi indicado por Michel Temer para ser a ponte entre Joesley Batista, dono do grupo empresarial J&F, e o presidente da República. Assumiu um posto que era antes de Geddel Vieira Lima
Flagrado pela PF carregando uma mala com R$ 500 mil, suposta propina da JBS, ele pode revelar o verdadeiro destino do dinheiro enviado pela empresa e apontar quem seriam os beneficiados
Acusado de ser o pivô de vários esquemas de cobrança propina de empresas com contratos com a Petrobras e também interessadas em financiamentos com dinheiro do fundo do FGTS
Pode relatar como funcionava e quem se beneficiava desses esquemas. Era próximo a Temer. Enviou perguntas a ele questionando sobre doações de campanha e relações com empresários
O ex-ministro é suspeito de ter recebido R$ 7,15 milhões em propinas de empreiteiras, entre elas uma parte repassada pela OAS relativa à construção da Arena das Dunas, em Natal
Próximo de Temer, trabalhou como arrecadador do PMDB. Manteve influência na área internacional da Petrobras e tinha relação próxima com as construtoras. Foi responsável por nomeações na Caixa
Acusado de lavagem de dinheiro e de operar um esquema de cobrança de propinas em financiamentos do fundo do FGTS. Apareceu nas delações da Odebrecht e da JBS
Pode revelar o caminho do dinheiro recebido por pemedebistas em vários esquemas de corrupção, como JBS, Caixa Econômica Federal e Odebrecht, além de caixa dois de campanhas eleitorais
Réu por lavagem de dinheiro e corrupção passiva e ativa. É apontado como captador para as campanhas do PT e teria facilitado a tramitação de leis que beneficiaram bancos e outros setores
É peça-chave para decifrar o caminho do dinheiro que a Odebrecht destinava ao ex-presidente Lula. Seria ele quem operava a "conta amigo", reservada ao ex-presidente. Era o elo do PT com o o mercado financeiro
É acusado pelo dono da JBS de ter distribuído propina da empresa para parlamentares petistas. Também é acusado de ter pedido R$ 5 milhões a Eike Batista para saldar dívidas de campanha
Teria demonstrado disposição em detalhar como funcionavam os vários esquemas de caixa dois das campanhas petistas, incluindo as campanhas presidenciais de Dilma Rousseff
Recebia propina das empresas que mantinham contratos com a área de serviços da Petrobras. Era considerado o elo do PT no esquema de corrupção desvendado na Lava Jato
Pode detalhar o caminho dessa propina paga pelas empresas que contratavam com sua diretoria. Duque era considerado um diretor da cota do PT e promete delatar Lula
Já contou aos procuradores episódio em que pagou uma propina de R$ 10 milhões de propina a Eduardo Cunha, Lúcio Funaro e à campanha de Gabriel Chalita à Prefeitura de São Paulo
VENCESLAU BORLINA FILHO
Folha de São Paulo
Michel Temer chegou ao topo do poder de mãos dadas com os amigos. Assinou o termo de posse como presidente interino, em 13 de maio do ano passado, graças a Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que comandava a Câmara e colocou em votação o processo de impeachment de Dilma Rousseff.
Aproveitou a tinta da caneta e nomeou o deputado federal Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) como ministro do Turismo e o suplente de deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) como seu assessor especial. O doleiro Lúcio Bolonha Funaro assistiu a tudo em liberdade.
Passado pouco mais de um ano, Cunha, Alves, Rocha Loures e Funaro acompanham de dentro da prisão a crise que se abate sobre o colega presidente, hoje não mais interino. Temer também está atento ao que se passa com seus bons companheiros.
Há entre os ocupantes do Palácio do Planalto o temor de que integrantes desse quarteto possam usar a delação premiada como atalho para abreviar o tempo de cadeia. Pelo menos dois deles já deram sinais de que podem falar.
Lúcio Funaro, responsável pela engenharia financeira dos esquemas dos pemedebistas, trocou de advogado. Cézar Bittencourt, que o defendia, abandonou o caso dizendo que a delação geraria conflito de interesses com outros clientes. Os atuais advogados de Funaro não desmentem nem confirmam o desejo do cliente em delatar. "Conversei com meu sócio [Bruno Espiñeira Lemos] e por enquanto nada a declarar", disse o advogado Victor Minervino Quintiere.
Nos bastidores, os pemedebistas temem que Funaro ensine aos procuradores o caminho das propinas pagas em diversos esquemas de corrupção envolvendo políticos do partido. Funaro é pivô, segundo o Ministério Público, de uma organização criminosa que cobrava propina de empresários que pleiteavam financiamentos administrados pela Caixa. O PMDB controlava postos-chave no banco.
Foi, segundo José Yunes, ex-assessor de Temer, o portador de R$ 1 milhão da Odebrecht em caixa dois entregue no escritório do presidente, em 2014. Estourou o escândalo da JBS e ele não ficou de fora. Segundo Joesley Batista, a empresa repassou R$ 170 milhões à dupla Cunha e Funaro.
Não bastasse todo esse histórico, nesta semana circulou entre políticos que o operador teria gravado parlamentares que teriam recebido propina das mãos dele.
Cunha também manda recados nada sutis. Em dois processos, um por corrupção na Petrobras e outro onde é acusado de chefiar um esquema de cobrança de propina na Caixa, arrolou Temer como testemunha.
Enviou a ele perguntas –as últimas na semana passada– que foram vistas como um aperitivo do que seria sua delação. "Eduardo tentou me fustigar", disse Temer a Joesley Batista, da JBS.
Os temas eram a relação de Temer com empresários investigados na Lava Jato, seu papel na nomeação de diretores da Petrobras que foram presos, o que ele sabe sobre episódios de pagamento de propina na Caixa e sobre arrecadação de campanhas.
Na cadeia Cunha passa o dia escrevendo e falando com advogados. Uma delação, no entanto, não seria para já. Segundo pessoa próxima a Cunha, o tempo de falar é quando o procurador-geral da República não for mais Rodrigo Janot.
Os dois travaram duras batalhas e ele considera impossível fazer um bom acordo com o atual chefe do Ministério Público Federal. Em setembro, vence o mandato de Rodrigo Janot, que será substituído por um nomeado de Temer.
Cunha e Funaro estão presos desde o ano passado. Já Rocha Loures e Alves, com poucos dias de prisão, permanecem em silêncio. O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, declarou que espera a continuidade desse "padrão ético".
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QUEM É QUE DELATA?
Possíveis novos homens-bomba no caminho de governo, oposição e empresas
Bruno Poletti/Folhapress | ||
- Rodrigo Rocha Loures
Quem é: ex-deputado federal e ex-assessor especial do presidente Michel Temer
Prisão: 3.jun.2017
O que teria feito
Foi indicado por Michel Temer para ser a ponte entre Joesley Batista, dono do grupo empresarial J&F, e o presidente da República. Assumiu um posto que era antes de Geddel Vieira Lima
O que pode delatar
Flagrado pela PF carregando uma mala com R$ 500 mil, suposta propina da JBS, ele pode revelar o verdadeiro destino do dinheiro enviado pela empresa e apontar quem seriam os beneficiados
Eraldo Peres/Associated Press | ||
- Eduardo Cunha
Quem é: ex-presidente da Câmara dos Deputados
Prisão: 19.out.2016
O que teria feito
Acusado de ser o pivô de vários esquemas de cobrança propina de empresas com contratos com a Petrobras e também interessadas em financiamentos com dinheiro do fundo do FGTS
O que pode delatar
Pode relatar como funcionava e quem se beneficiava desses esquemas. Era próximo a Temer. Enviou perguntas a ele questionando sobre doações de campanha e relações com empresários
Eraldo Peres/Associated Press | ||
- Henrique Eduardo Alves
Quem é: ex-deputado federal e ex-ministro nos governos Dilma e Temer
Prisão: 6.jun.2017
O que teria feito
O ex-ministro é suspeito de ter recebido R$ 7,15 milhões em propinas de empreiteiras, entre elas uma parte repassada pela OAS relativa à construção da Arena das Dunas, em Natal
O que pode delatar
Próximo de Temer, trabalhou como arrecadador do PMDB. Manteve influência na área internacional da Petrobras e tinha relação próxima com as construtoras. Foi responsável por nomeações na Caixa
Lula Marques / Folha imagem | ||
- Lúcio Funaro
Quem é: doleiro e operador do PMDB
Prisão: 1.jun.2016
O que teria feito
Acusado de lavagem de dinheiro e de operar um esquema de cobrança de propinas em financiamentos do fundo do FGTS. Apareceu nas delações da Odebrecht e da JBS
O que pode delatar
Pode revelar o caminho do dinheiro recebido por pemedebistas em vários esquemas de corrupção, como JBS, Caixa Econômica Federal e Odebrecht, além de caixa dois de campanhas eleitorais
Rodolfo Buhrer/Reuters | ||
- Antonio Palocci
Quem é: ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil, respectivamente nos governos Lula e Dilma
Prisão: 26.set.2016
O que teria feito
Réu por lavagem de dinheiro e corrupção passiva e ativa. É apontado como captador para as campanhas do PT e teria facilitado a tramitação de leis que beneficiaram bancos e outros setores
O que pode delatar
É peça-chave para decifrar o caminho do dinheiro que a Odebrecht destinava ao ex-presidente Lula. Seria ele quem operava a "conta amigo", reservada ao ex-presidente. Era o elo do PT com o o mercado financeiro
Marcus Leoni/Folhapress | ||
- Guido Mantega
Quem é: ex-ministro da Fazenda dos governos Lula e Dilma Rousseff
Prisão: preso e solto no mesmo dia, em 2016
O que teria feito
É acusado pelo dono da JBS de ter distribuído propina da empresa para parlamentares petistas. Também é acusado de ter pedido R$ 5 milhões a Eike Batista para saldar dívidas de campanha
O que pode delatar
Teria demonstrado disposição em detalhar como funcionavam os vários esquemas de caixa dois das campanhas petistas, incluindo as campanhas presidenciais de Dilma Rousseff
Marcelo Camargo / Agência Brasil | ||
- Renato Duque
Quem é: ex-diretor de engenharia e serviços da Petrobras
Prisão: em novembro de 2014 e em março de 2015
O que teria feito
Recebia propina das empresas que mantinham contratos com a área de serviços da Petrobras. Era considerado o elo do PT no esquema de corrupção desvendado na Lava Jato
O que pode delatar
Pode detalhar o caminho dessa propina paga pelas empresas que contratavam com sua diretoria. Duque era considerado um diretor da cota do PT e promete delatar Lula
Zanone Fraissat/Folhapress | ||
- Henrique Constantino
Quem é: acionista da Gol Linhas Aéreas
Prisão: nunca foi preso
O que teria feito
Teria subornado políticos do PMDB, incluindo o ex-deputado Eduardo Cunha, para conseguir financiamento do Fundo de Investimentos do FGTS para a Via Rondon, uma de suas empresas
Teria subornado políticos do PMDB, incluindo o ex-deputado Eduardo Cunha, para conseguir financiamento do Fundo de Investimentos do FGTS para a Via Rondon, uma de suas empresas
O que pode delatar
Já contou aos procuradores episódio em que pagou uma propina de R$ 10 milhões de propina a Eduardo Cunha, Lúcio Funaro e à campanha de Gabriel Chalita à Prefeitura de São Paulo
- OAS
Quem é: empreiteira implicada na Lava Jato
Prisão: Léo Pinheiro, ex-presidente, foi preso em 2014 e 2016
O que teria feito
Teria distribuído propina a diretores da Petrobras, agentes públicos e políticos para obter e manter contratos com a Petrobras. Também é investigada, por exemplo por desvios em estádios da Copa
Teria distribuído propina a diretores da Petrobras, agentes públicos e políticos para obter e manter contratos com a Petrobras. Também é investigada, por exemplo por desvios em estádios da Copa
O que pode delatar
Executivos e acionistas da empreiteira pretendem detalhar aos procuradores pagamentos de propinas a políticos, membros dos fundos de pensão e membros do Judiciário
Executivos e acionistas da empreiteira pretendem detalhar aos procuradores pagamentos de propinas a políticos, membros dos fundos de pensão e membros do Judiciário
- Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa
Quem é: empreiteiras flagradas pagando a políticos e diretores da Petrobras
Prisões: vários executivos
O que teria feito
Já fecharam acordo de delação premiada admitindo o pagamento de propina a políticos e agentes públicos no âmbito da Lava jato. Apesar do acordo, agora vão ampliar os temas
Já fecharam acordo de delação premiada admitindo o pagamento de propina a políticos e agentes públicos no âmbito da Lava jato. Apesar do acordo, agora vão ampliar os temas
O que pode delatar
Estão refazendo os depoimentos aos procuradores. A Andrade relata suborno em troca de contratos no setor elétrico. A Camargo, propinas em obras em de São Paulo
Estão refazendo os depoimentos aos procuradores. A Andrade relata suborno em troca de contratos no setor elétrico. A Camargo, propinas em obras em de São Paulo