NICOLA PAMPLONA - Folha de São Paulo
Com o fim do desconto sobre o preço da energia elétrica promovido pelo governo em abril, a inflação voltou a subir em maio, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Segundo dados divulgados nesta sexta-feira (9), o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) ficou em 0,31% em maio, contra 0,14% no mês anterior, quando o governo repassou às tarifas de energia desconto por cobrança irregular pela eletricidade da usina de Angra 3, que está com as obras paralisadas.
O aumento do preço da energia no mês foi de 8,98% e respondeu por 0,29 ponto percentual no IPCA de maio.
"Foi uma pressão pontual. Isso não significa que a inflação acelerou com relação ao mês anterior", disse a coordenadora do Índices de Preços do IBGE, Eulina Nunes.
Ela ressalta que a expectativa é que a eletricidade tenha contribuição negativa no próximo mês, com o fim da cobrança da bandeira vermelha sobre a conta de luz.
Apesar da alta ante abril, diz o IBGE, foi a menor inflação para o mês desde 2007.
Em maio de 2016, o IPCA foi de 0,78%.
No acumulado dos últimos 12 meses, a inflação está em 3,60%, abaixo do centro da meta oficial do governo, de 4,50%. É a menor taxa para o período também desde maio de 2007, quando o IPCA foi de 3,18%.
"A demanda está segurando fortemente os preços. São 14 milhões de desempregados no país", comentou Nunes.
Com o aumento no preço da energia, o grupo Habitação teve alta de 2,14% no mês, também influenciada por aumentos de tarifas de água e esgoto (0,50%) e de condomínio (0,75%).
Vestuário (0,98%) e Saúde e Cuidados Pessoais (0,62%) também puxaram o índice para cima.
Na outra ponta, tiveram contribuição negativa os grupos Alimentação e Bebidas (-0,35%), Artigos para Residência (-0,23%) e Transportes (-0,42%). Neste último, houve grande influência do preços das passagens aéreas, que caíram 11,81%.
Os dois grupos têm peso importante no custo de vida da população, respondendo por 43,6% do IPCA.
Houve queda nos preços dos alimentos que o consumidor compra em supermercados, ainda sob efeito da supersafra agrícola e da crise gerada pelo desemprego.
A inflação da alimentação em domicílio caiu 0,56% em maio, contra alta de 0,58% no mês anterior. A alimentação fora de casa também cedeu, fechando o mês em alta de 0,06%, contra 0,68% no mês anterior.
Frutas (-6,55%), óleo de soja (-6,30%), cenoura (-5,86%) e feijão fradinho (-4,45%) tiveram as maiores quedas no mês.
Alguns produtos começam a registra inflação também em 12 meses, como cenoura (-33,04%), açaí (-11,99%) e hortaliças (-11,44%).
"É uma safra muito grande. E essa safra grande é que está movimentando a economia, com efeitos no PIB da agricultura e de máquinas", ressaltou a coordenadora da pesquisa.
INPC
A inflação medida pelo INPC (Índice Nacional de Preços da Construção Civil) subiu 0,30% em maio, o dobro da taxa registrada no mês anterior.
O custo nacional da construção civil em maio foi de R$ 1.042,69 por metro quadrado, contra R$ 1.039,54 no mês anterior.