DA REUTERS
O presidente Michel Temer ordenou a suspensão provisória das autorizações dadas nesta semana para a importação de café robusta pelo Brasil, informou nesta quarta-feira (22) a Secretaria de Governo da Presidência.
A decisão foi tomada na noite de terça-feira (21), após uma reunião de dezenas de deputados federais ligados a cafeicultores com o ministro da Secretaria de Governo, Antonio Imbassahy.
Duas resoluções, reduzindo a tarifa de importação e autorizando compras do Vietnã, haviam sido publicadas no Diário Oficial da União no início da semana.
Por orientação do Ministério da Agricultura, a Camex (Câmara de Comércio Exterior) havia liberado a inédita importação de café robusta no Brasil, em um momento em que indústrias reclamam de forte escassez do produto.
"Em reunião com o presidente, Imbassahy expressou a preocupação dos parlamentares e produtores de café. Temer, decidiu suspender provisoriamente a portaria para analisar a situação juntos aos órgãos competentes", disse a Secretaria de Governo, em nota.
"A Frente Parlamentar do Café agradece este passo fundamental do governo brasileiro, fruto de uma sensibilização ampla e democrática promovida por produtores, lideranças, e que ganhou voz junto ao governo por meio dos parlamentares comprometidos com o setor da produção", comemorou em comunicado o deputado federal Carlos Melles (DEM-MG), presidente da frente parlamentar.
Até o momento, contudo, não houve nenhuma publicação no Diário Oficial revogando os documentos publicados nesta semana.
Segundo a decisão de um comitê técnico da Camex, a tarifa de importação foi reduzida de 10% para 2% para até 1 milhão de sacas, enquanto o volume que exceder a cota deverá pagar uma taxa de 35%. A decisão do grupo técnico seria suficiente para a alteração das tarifas, sem necessitar chancela do grupo de ministros que compõem a Camex.
Uma reunião do colegiado de ministros estava marcada para esta quarta-feira, mas não estava imediatamente claro se o encontro irá ocorrer.
Na segunda-feira (20), o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, chegou a dizer que as importações já estavam liberadas.
"Está tudo resolvido", disse o ministro em uma conferência de imprensa em São Paulo.
A liberação das importações havia sido feita após muita polêmica, envolvendo produtores e indústrias. A fábricas dizem que enfrentam dificuldade de adquirir matéria-prima no Brasil, após uma forte seca afetar a safra de robusta do Espírito Santo, maior produtor da variedade no país.
O ministério da Agricultura, após analisar levantamento de estoques privados feito pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), mostrou-se sensível aos argumentos da indústria e recomendou à Camex a abertura das importações.
O fornecedor seria o Vietnã, maior produtor global de café robusta.
Já os agricultores se mostraram bastante contrários à medida, contestando os números da Conab e dizendo que há estoques disponíveis e que a entrada de grãos verdes de outros países traria riscos de infestação por pragas que não existem no Brasil.
A assessoria do ministério da Agricultura disse que o ministro Blairo Maggi não irá se manifestar sobre o assunto.
Além de líder na exportação de café da variedade arábica, o Brasil é o maior exportador mundial de café solúvel, fabricado em grande parte com grãos de robusta.