domingo, 26 de fevereiro de 2017

Sem papel, 12 jornais da Venezuela não circulam. Sem papel, 12 jornais da Venezuela não circulam. É o resultado da obra Chávez-Lula



Apoiadores do presidente, Nicolás Maduro, defendem a suspensão da CNN no país - FEDERICO PARRA / AFP


CARACAS — Para economizar papel, 12 jornais venezuelanos deixaram de imprimir suas edições durante o carnaval. A situação da imprensa escrita no país vizinho é particularmente grave por causa do monopólio exercido pela Corporação Editorial Alfredo Maneiro, estatal que controla todo o papel para impressão de jornais e, consequentemente, o preço do insumo, que varia de acordo com a vontade do governo.

A denúncia foi feita pela ONG Espacio Público. A medida foi tomada por três jornais de circulação nacional — “El Nacional”, “2001” e “Últimas Noticias” —, além de nove veículos regionais: “El Regional”, “Última Hora”, “El Impulso”, “El Periódico de Occidente”, “El Oriental”, “La Prensa de Monagas”, “La Verdad”, “El Periódico” e “El Sol de Maturín”.

A dependência em relação à Corporação Alfredo Maneiro já provocou o fechamento, a migração para edições apenas digital ou edições semanais de alguns diários no país, como “El Carabobeño”, “El Nuevo País” e “Tal Cual”. A última vítima foi o “El Nuevo País”, que desde meados de janeiro abandonou a edição diária e se tornou semanal.

A Venezuela passa por uma grave crise de liberdade de imprensa. De acordo com a Espacio Público, foram registradas 366 violações à liberdade de expressão no ano passado. Já a ONG Ipys Venezuela alerta que o governo de Nicolás Maduro tenta criminalizar a atividade jornalística. Entre maio de 2016 e janeiro deste ano, um editor foi preso e 12 jornalistas foram detidos sem ordem judicial.

A tentativa de calar a imprensa tem sido uma constante do governo Maduro. No último dia 15, a Comissão Nacional de Telecomunicações (Conatel) ordenou a “suspensão e saída imediata do canal de notícias CNN em Espanhol” do território venezuelano. A emissora havia denunciado um esquema de venda de passaportes na embaixada venezuelana no Iraque, que poderia ter beneficiado pessoas ligadas ao terrorismo.

“O governo venezuelano implementa mecanismos para obter informações sobre fontes de informação sensíveis e enviar, ao mesmo tempo, uma mensagem exemplar para quem exercer a crítica ou expressar opiniões diversas à atual gestão do governo”, diz a Ipys. “O fim é intimidar e silenciar a crítica, promover a autocensura e limitar a capacidade dos meios e jornalistas”.