O Globo
Presidente muda tom linha-dura e poderia sinalizar benefício a milhões de ilegais
WASHINGTON - O presidente Donald Trump surpreendeu e sinalizou uma possível mudança importante na política migratória, afirmando a repórteres na terça-feira que está aberto a uma ampla reforma que concederia status legal a milhões de imigrantes não documentados que não tenham cometido crimes graves — mesmo sem conceder a eles cidadania, permitiria que eles vivesse, trabalhassem e pagassem impostos. A norma poderia ser aplicada praticamente a boa parte dos cerca de 11 milhões de pessoas no país ilegalmente, dependendo de sua abrangência.
— O momento é certo para um projeto de lei de imigração, contanto que haja compromisso de ambos os lados — disse o presidente a repórteres de TV na Casa Branca, de acordo com as pessoas presentes durante uma discussão.
A ideia rompe com os planos de ampla repressão a imigrantes indocumentados que Trump assumiu em suas primeiras semanas no cargo — com posições de linha-dura que o ajudaram a chegar à Casa Branca. Uma mudança abrangente da imigração seria uma reviravolta dramática para o presidente, cujos discursos de campanha eram acompanhados por gritos de "Construa o muro!"
O presidente insinuou a reversão política horas antes de fazer seu primeiro discurso ao Congresso, embora não esteja claro se a mencionaria. A rede CNN levantou a possibilidade de que Trump pudesse incluir uma reforma do tipo.
A Casa Branca não contestou o relatório, mas Sarah Huckabee Sanders, vice-secretária de imprensa, disse que não tinha testemunhado a conversa, por isso não pôde confirmá-la.
— O presidente tem sido muito claro em seu processo de que o sistema de imigração está quebrado e precisa de uma reforma massiva, e ele deixou claro que ele está aberto a ter conversões sobre esse movimento em frente — disse Sarah. — Agora, seu foco principal é controle de fronteiras e segurança na fronteira, deportar criminosos de nosso país e manter nosso país seguro, e essas prioridades não mudaram.
Espera-se que Trump divulgue nesta quarta-feira uma nova versão de sua ordem executiva proibindo viagens aos Estados Unidos de cidadãos de sete países predominantemente muçulmanos e suspendendo a aceitação de refugiados. A proibição foi revista por causa de suspensões judiciais.