quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Presidente do BC diz que redução de 0,75 ponto percentual ‘é novo ritmo’ de juros


Ilan Goldfajn, presidente do Banco Central - ADRIANO MACHADO / REUTERS


Martha Beck - O Globo


Ilan Goldjan participa do Fórum Econômico Mundial em Davos


DAVOS - O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, afirmou, nesta quarta-feira, que uma redução de 0,75 ponto percentual na taxa básica de juros é o “novo ritmo” de condução da política monetária brasileira. Em entrevista concedida durante o Fórum Econômico Mundial de Davos (WEF), na Suíça, ele disse que o governo tomou essa decisão porque a inflação perdeu fôlego e as expectativas do mercado estão ancoradas. Isso, no entanto, pode ser revisto a qualquer momento caso haja uma mudança no cenário econômico:

— Nós entramos num novo ritmo. O 0,75pp é o nosso novo ritmo. Mas como se sabe, um novo ritmo pode mudar e, se mudar, é por causa de expectativas de inflação, as nossas expectativas e não apenas as do mercado, do nível de atividade e de fatores de risco, externos e domésticos. Tudo isso será levado em consideração _ disse ele.

Na semana passada, o BC surpreendeu o mercado e baixou a Selic em 0,75pp, deixando os juros em 13% ao ano. Na reunião anterior do Comitê de Política Monetária (Copom), a diretoria do banco havia decidido reduzir a taxa em 0,25pp. Como a inflação continuou a ceder, os analistas apostavam que o próximo passo seria uma queda de 0,5pp.

— A decisão de intensificar foram as provas acumuladas de que poderíamos ir além de 0,5pp, passando para 0,75pp — disse o presidente do BC.

Segundo Goldfajn, a medida, combinada com a evolução da agenda de reformas e com um reforço dos investimentos, vai ajudar a economia brasileira se recuperar:

— Além das reformas e dos investimentos em infraestrutura, o BC pode começar o processo de flexibilização para ajudar a economia a crescer. Achamos que a economia vai voltar a ter resultados positivos.

O presidente do BC, que concedeu a entrevista ao lado do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, foi questionado sobre a preocupação do governo brasileiro com o câmbio, especialmente diante de perspectiva de que os Estados Unidos continuem a subir os juros.

— A normalização da política monetária nos Estados Unidos não é novidade. Usamos swaps, temos reservas elevadas e temos instrumentos para manter liquidez do mercado — disse Goldfajn.

— Não estamos observando uma fuga de capitais que obrigue o governo a usar reservas para segurar o câmbio. Nosso balanço de pagamentos vai bem. Nossas conversas no Fórum mostram que os investidores querem aumentar substancialmente investimentos no país — acrescentou Meirelles.