terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Líder do PT diz que apoiar candidato que votou pelo impeachment é 'questão secundária'


O deputado federal Carlos Zarattini (PT-SP) - Lucio Bernardo Junior / Câmara dos Deputados/22-11-2016


Letícia Fernandes - O Globo


Carlos Zarattini afirmou que importante é o partido estar na Mesa Diretora


Ainda sem definição sobre que candidato apoiar na eleição para a presidência da Câmara, a bancada do PT tem apenas uma certeza: brigará para compor a Mesa Diretora da Casa, o que tem direito como segunda maior bancada do Parlamento. Em tom pragmático, o deputado Carlos Zarattini (SP), líder do PT na Câmara, disse nesta terça-feira que é "secundário" o possível desconforto em apoiar um candidato que trabalhou pelo impeachment de Dilma Rousseff. O que importa, segundo ele, é marcar presença na Mesa, de preferência conquistando a primeira secretaria.

Além de Rodrigo Maia (DEM-RJ), atual presidente, também disputam a presidência os deputados Rogério Rosso (PSD-DF) e Jovair Arantes (PTB-GO), presidente e relator da comissão de impeachment, respectivamente, e André Figueiredo (PDT-CE).

— Essa questão é secundária para nós desde que haja o respeito às regras democráticas, ao regimento e à proporcionalidade — afirmou o novo líder petista.

Zarattini disse que a questão não é "ter ou não coerência", mas sim ocupar um cargo da Mesa. Os petistas estão fora desde que assumiu Eduardo Cunha (PMDB-RJ), eleito em fevereiro de 2015.

— Aqui não se trata de ter ou não coerência, queremos que os candidatos que querem presidir a Câmara se comprometam em estabelecer a democracia na Casa, permitir que a Casa funcione através das suas regras. Para nós, coerência é preservar o direito do povo brasileiro.

O presidente nacional do PT, Rui Falcão, que também participou da reunião da bancada em Brasília, foi na mesma linha. Ele desconversou quando perguntado sobre uma falta de coerência em eventualmente apoiar algum candidato que patrocinou o impeachment, e reiterou que o mais urgente agora é ter um cargo na Mesa. Apesar disso, negou que a decisão da legenda seja pragmática.

— Temos dialogado permanentemente com os movimentos sociais que querem na Câmara uma possibilidade de barrar essas medidas de retrocesso que o governo golpista vem implementando, independente do candidato, porque o importante é que haja democracia para que a gente possa se manifestar como oposição — disse o presidente do PT.

LULA SE REÚNE COM DEPUTADOS NA QUINTA

Com a direção nacional do PT entrando de cabeça na discussão sobre a eleição na Câmara, o ex-presidente Lula vai se reunir nesta quinta-feira, em São Paulo, com uma comissão interna, formada por nove deputados petistas, para discutir a sucessão na Casa. 

A comissão - formada pelos deputados Paulo Teixeira (SP), Carlos Zarattini (SP), Afonso Florence (BA), Paulo Pimenta (RS), Arlindo Chinaglia (SP), José Mentor (SP), Pedro Uczai (SC), Décio Lima (SC) e Givaldo Vieira (ES) - tem como missão conversar com os quatro candidatos e garantir o compromisso de que os petistas terão espaço na Mesa Diretora. Na sexta e sábado, o diretório nacional se reúne na capital paulista e, já munida de posicionamento de Lula, poderá decidir que candidato apoiar no primeiro turno.