Há 15 anos, morria Celso Daniel, então prefeito de Santo André e escolhido para coordenar a campanha presidencial do ex-presidente Lula em 2002.
Após sair do restaurante Rubaiyat, em São Paulo, a Pajero em que estava começou a ser perseguida e foi atingida por quatro tiros, retidos porque o caro era blindado. Após baterem duas vezes no veículo, os bandidos rendem o motorista (Sergio Gomes da Silva, o Sombra) e fogem com Celso Daniel.
Seu corpo foi encontrado dois dias depois numa estrada de terra, no município de Juquitiba, interior de São Paulo, a 70 km de São Paulo.
Ex-professor universitário, deputado e prefeito da cidade do ABC, Celso Daniel foi morto, segundo a Promotoria, porque teria descoberto esquema de desvio de verbas da prefeitura. Os recursos seriam pagos por meio de propina de empresas de ônibus para abastecer o caixa dois do PT. O partido negou.
As primeiras conclusões apontavam que se tratava de “crime comum”, mas a família do prefeito pediu a reabertura do inquérito. Assim, a Promotoria sustentou durante os julgamentos que se tratava de crime por motivação política.
No final de 2010 o caso teve seu primeiro condenado, Marcos Bispo dos Santos, o Marquinhos. Ele foi julgado à revelia (sem a presença do réu e de testemunhas) e sentenciado a 18 anos de prisão.
Em maio de 2012 outros três acusados tiveram suas sentenças definidas. Ivan Rodrigues da Silva (Monstro), José Edison da Silva e Rodolfo Rodrigo dos Santos (Bozinho) foram condenados a 24, 20 e 18 anos de prisão, respectivamente. A sentença se referia a homicídio duplamente qualificado, mediante recebimento de recompensa e sem direito de defesa da vítima.
SOMBRA
Quando o ex-prefeito foi sequestrado, quem dirigia seu carro era o empresário e amigo Sergio Gomes da Silva, o Sombra. Ele foi acusado pelo Ministério Público de contratar o grupo que sequestrou e assassinou Celso Daniel.
Somente em novembro de 2015, 13 anos após o crime, é que Silva foi condenado pela Justiça de Santo André. A pena foi de 15 anos, 6 meses e 19 dias de prisão em regime fechado por concussão (exigência de cobrança indevida) e corrupção passiva.
Na ocasião também foram condenados o empresário do ramo de transportes Ronan Maria Pinto –com pena igual à de Silva– e Klinger Luiz de Oliveira Souza, ex-secretário de Transportes e Serviços Municipais da cidade do ABC paulista no governo petista. A pena dele foi de 10 anos, 4 meses e 12 dias de prisão em regime fechado.
Silva morreu em setembro passado. Ele estava internado em um hospital na zona leste da capital e enfrentava um câncer havia cerca de dois anos.
FIM?
Ainda que os julgamentos tenham demorado, o resultado apontava um fim ao crime. Entretanto, o caso não parece ter realmente acabado. Em maio de 2016 a Folha noticiou que o assassinato do petista chegava à Lava Jato. “Os procuradores se basearam em depoimento de Marcos Valério para afirmar que Ronan recebeu dinheiro do PT para não revelar informações sobre irregularidades do diretório do partido em Santo André. Um desses casos seria o assassinato de Celso Daniel.”