terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Diretor de cadeia em Manaus é afastado por denúncias de detentos sobre propina

Marcia Oliveira e Marco Antônio Carvalho - O Estado de São Paulo

Presos haviam feito reclamações contra diretor do Compaj, onde morreram 56 na semana passada; presidiários também relataram ameaças e acabaram mortos no massacre


MANAUS E SÃO PAULO - O diretor interino do Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), José Carvalho da Silva, foi afastado do cargo na manhã desta terça-feira, 10, pelo governador do Amazonas, José Melo (Pros), depois de detentos tê-lo denunciado por supostas práticas de corrupção ligadas à facção Família do Norte (FDN). A informação foi confirmada pelo secretário de Segurança Pública do Estado, Sérgio Fontes, no início da tarde desta terça. A rebelião conduzida pela FDN no Compaj no domingo retrasado deixou 56 mortos.

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Carvalho foi acusado por detentos de envolvimento com a facção criminosa em denúncia feita por meio de duas cartas enviadas pelos presidiários Gezildo Nunes da Silva e Alciney Gomes da Silveira, no dia 18 de dezembro. No documento, a dupla, que acabou morta durante a rebelião do dia 1º de janeiro, acusava Carvalho de receber dinheiro da facção para facilitar a entrada de armas, drogas e celulares dentro do complexo, além de falarem das ameaças que sofriam.
Segundo a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap), será aberta uma sindicância para apurar as denúncias feitas contra Carvalho.

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Ao Estado, a presidência do Tribunal de Justiça do Amazonas disse ter determinado a apuração dos fatos pela Corregedoria-geral de Justiça, que instaurou procedimento nesta terça. "O juiz Luís Carlos Valois, da Vara de Execuções Penais da Comarca de Manaus, ressalta que não recebeu o documento em mãos e nem foi procurado pelo defensor ou advogado dos presos para tratar do referido assunto", declarou o órgão.
A corte acrescentou que a Vara recebe centenas de documentos diariamente, inclusive de forma eletrônica e, no caso de informações sobre risco de vida de detentos, "estes documentos são encaminhados pela Justiça também ao Ministério Público para ciência e manifestação, bem como à Secretaria de Administração Penitenciária do Estado, visando a obtenção de dados relacionados ao apenado". 


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