O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, subiu a taxa básica de juros (Selic) de 11% para 11,25% ao ano. Foi uma surpresa para o mercado. Os analistas esperavam manutenção da taxa.
Com a decisão, o BC interrompe uma série de cinco reuniões com taxa de 11%. Em abril, o BC subiu os juros de 10,75% para 11%. Em maio, julho e setembro, a taxa foi mantida no mesmo nível.
Esta foi a primeira decisão sobre juros depois da reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT), no domingo, por uma pequena margem sobre Aécio Neves (PSDB). Uma das maiores críticas a Dilma tem sido a economia, incluindo a inflação em alta. Os juros são usados, entre outras coisas, para tentar controlar a inflação.
A presidente disse que novas medidas econômicas serão tomadas a partir de novembro, depois de um amplo diálogo com setores produtivos e financeiros, e que o novo ministro da Fazenda será anunciado no momento adequado.
A Selic é uma taxa de referência para o mercado e remunera investimentos com títulos públicos, por exemplo. Não representa os juros cobrados dos consumidores, que são muito mais altos. A taxa média de juros cobrada das pessoas na vida real em setembro, embora tenha caído, chegou a 102,59% ao ano, segundo a Anefac, associação de executivos de finanças.
Taxa de juros é ferramenta para tentar combater inflação
A inflação oficial, medida pelo ÍIPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) atingiu 6,75% em 12 meses até setembro, estourando o limite máximo da meta do governo, que é de 6,5%. A meta do BC é manter a inflação em 4,5% ao ano, mas são aceitos dois pontos percentuais para cima ou para baixo (ou seja, variando de 2,5% a 6,5%, o chamado teto da meta).
A Selic é usada pelo BC para tentar controlar o consumo e a inflação, ou estimular a economia. Quando os juros sobem, as pessoas tendem a gastar menos e isso faz o preço das mercadorias cair, controlando a inflação, em tese. Por outro lado, juros altos seguram a economia e fazem o PIB (Produto Interno Bruto) ficar baixo.
Se os juros estão elevados, as empresas investem menos, porque fica caro tomar empréstimos para produção, e as pessoas também reduzem seus gastos, porque o crediário fica mais alto. Essa situação deixa a economia com menos força. O lado bom é que investimentos baseados em juros são beneficiados e rendem mais para o aplicador.
Por outro lado, com juros mais baixos, há mais consumo e mais risco de inflação, porque as pessoas compram mais e nem sempre a indústria consegue produzir o suficiente. Quando há falta de produtos, a tendência é que eles fiquem mais caros.
A taxa básica de juros orienta o restante da economia, mas há pouco impacto na vida prática de quem precisa usar o cheque especial ou cartão de crédito. Analistas dizem que essas taxas são tão altas que pequenas variações na Selic são incapazes de aliviar ou pesar no bolso no dia a dia.
Além de inflação, o país enfrenta recessão técnica, que ocorre quando o PIB (Produto Interno Bruto) tem resultados negativos em dois trimestres seguidos. A economia brasileira encolheu 0,6% no segundo trimestre e 0,2% no primeiro trimestre. Recessão significa redução de consumo, menos produção e risco de desemprego.
Poupança continua rendendo igual
A poupança continua rendendo com seu potencial máximo.
Uma nova regra de 2012 estabelece que ela renda menos quando a Selic estiver igual ou inferior a 8,5% ao ano. Nesse caso, a poupança daria 70% da Selic mais a TR. Como está acima disso, o rendimento é o tradicional: 6,17% ao ano mais a TR.
Entenda o Copom
O Copom foi instituído em junho de 1996 para estabelecer as diretrizes da política monetária e definir a taxa de juros, mas a Selic já era usada como indicador desde 1986.
As reuniões do Copom ocorrem a cada 45 dias em Brasília.
O colegiado é composto pelo presidente do Banco Central e os diretores de Administração, Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos, Fiscalização, Organização do Sistema Financeiro e Controle de Operações do Crédito Rural, Política Econômica, Política Monetária, Regulação do Sistema Financeiro, e Relacionamento Institucional e Cidadania.
O colegiado é composto pelo presidente do Banco Central e os diretores de Administração, Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos, Fiscalização, Organização do Sistema Financeiro e Controle de Operações do Crédito Rural, Política Econômica, Política Monetária, Regulação do Sistema Financeiro, e Relacionamento Institucional e Cidadania.