quarta-feira, 2 de abril de 2014

María Corina Machado desafia celerados chavistas, que têm apoio de Dilma, e lidera passeata até o Parlamento

Deputada destituída desafia o chavismo e lidera passeata até o Parlamento

 
 
  • María Corina Machado convoca marcha opositora até a casa legislativa; polícia responde com bombas de gás lacrimogêneo. Ela foi impedida de entrar no local. Edifício do ministério de Habitação foi incendiado nos arredores de Caracas
 
O Globo
Com agências internacionais
 
Marcha da oposição convocada por María Corina, em Caracas Foto: Reprodução/Twitter
Marcha da oposição convocada por María Corina, em CaracasReprodução/Twitter


CARACAS — Em um claro desafio ao chavismo, a deputada opositora venezuelana María Corina Machado lidera nesta terça-feira uma passeata em direção à sede do parlamento em Caracas, apesar da advertência de que será proibida de entrar depois que o Supremo Tribunal de Justiça ratificou sua destituição. Barreiras policiais foram instaladas no caminho até a casa legislativa e na Praça Brión, onde a opositora fazia um discurso, forças de segurança reprimimem manifestantes com bombas de gás lacrimogêneo.
 
 
— Estamos unidos em um processo de liberdade, em um processo irreversível em direção à democracia. Por que nos calam? Por que têm error à verdade e ao povo que está na rua, que luta pela liberdade? — questionou a opositora. — Continuarei sendo a deputada de todos. A luta é até que se ganhe e vamos ganhar.

A deputada deixou a praça em uma moto em direção à Assembleia Nacional. Impedida de entrar, María Corina Machado discursou diante do prédio. No distrito de Chacao, na região metropolitana de Caracas, foram registrados novos distúrbios entre centenas de manifestantes e policiais, com pelo menos cinco detidos. O edifício do ministério de Habitação foi incendiado.

— Com a ação contra mim, se desmantela a República — afirmou. Não me dobrarão. Só nos tornam mais fortes, nos dão mais motivos para lutar. Não vamos descansar até que nossos filhos sintam-se orgulhosos de seus pais por estarem mudando a história — disse ela a policiais que proibiram sua entrada na casa.


No mesmo dia, outra marcha, de simpatizantes do governo, também se dirigiu ao local, para entregar ao Ministério Público uma denúncia contra María Corina. Eles qualificam a postura da deputada — que atuou como representante alternativa do governo do Panamá na OEA — de “traição à pátria”. Os dois grupos não se encontraram.

Um dia antes, María Corina já havia desafiado o governo ao convocar uma concentração em uma praça do leste da capital, de onde partirá junto a deputados da coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD). Segundo fortes rumores que circulam há vários dias no país, a deputada poderia ser a próxima dirigente da oposição a ser detida pelo governo Maduro.

— Meu direito e meu dever é assistir às sessões da Assembleia Nacional e eu me proponho a fazê-lo, como sempre. O presidente da Assembleia Diosdado Cabello, no entanto, afirmou que María Corina não é mais deputada e não pode entrar na casa. Considerado o número dois do chavismo, Cabello acusa a opositora de promover violência na onda de manifestações contra o governo do presidente Nicolás Maduro, que em dois meses já deixou 39 mortos.

O Supremo Tribunal de Justiça (TSJ) da Venezuela confirmou na noite de segunda-feira a destituição de María Corina Machado, anunciada na semana passada pelo governo chavista. Ela considerou a medida uma perseguição política.

A representação de María Corina na OEA “constitui uma atividade incompatível durante a vigência de sua função legislativa no período para o qual foi eleita”, afirma um comunicado da Sala Constitucional do TSJ. O TSJ considerou que “a função diplomática não apenas vai contra a função legislativa para a qual foi previamente eleita, assim como está em franca contradição com os deveres como venezuelana e como deputada na Assembleia Nacional”.


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