terça-feira, 1 de abril de 2014

Com 29 assinaturas, CPI da Petrobras pode ser instalada hoje no Senado

A oposição quer recolher assinaturas na Câmara para transformar em mista a comissão no Senado, já o governo tenta definir a abrangência dos trabalhos. Ideia é incluir episódios que possam desviar o foco da Petrobras, mas sem respingar no Executivo
        


Paulo de Tarso Lyra e Grasielle Castro Correio Braziliense
 

O presidente do Senado, Renan Calheiros, do PMDB-AL, deve ler nesta terça-feira (1º/4), em plenário, o requerimento de instalação da CPI da Petrobras na Casa, com base nas 29 assinaturas coletadas pela oposição na semana passada. Na Câmara, a oposição já começou a recolher as assinaturas para tentar transformar a CPI dos senadores em colegiado misto. Enquanto isso, o governo bate cabeça na definição de como será a estratégia de enfrentamento. A ideia inicial era ampliar o requerimento para fustigar a oposição, mas o que será incluído ainda não foi decidido.
 
“Conseguimos colocar o bode na sala. Agora, não sabemos que parte do bode queremos explorar”, admitiu um integrante da base aliada.
Humberto Costa: uma CPI agora, ainda mais sendo ampla, só servirá para dar palco para a oposição (Iano Andrade/CB/D.A Press)
Humberto Costa: uma CPI agora, ainda mais sendo ampla, só servirá para dar palco para a oposição

Na sexta-feira, a proposta era investigar, além da Petrobras, a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig); o Porto de Suape e a Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco; o Metrô de São Paulo; e a gestão do PSB à frente do Ministério de Ciência e Tecnologia. A dificuldade é que a ampliação do foco das investigações pode trazer problemas para o próprio governo.
 
Passar um pente-fino na Cemig para fustigar o pré-candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves (MG), por exemplo, poderia desviar os holofotes para o setor elétrico brasileiro, fragilizado pela gestão Dilma Rousseff. O líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), que tem interesses na área, especialmente em Furnas, já avisou que é contra a manobra.

Os casos da Refinaria Abreu e Lima e do Porto do Suape também podem trazer problemas para os aliados pernambucanos, uma vez que as duas obras têm recursos federais e foram responsáveis pelo desenvolvimento econômico do estado. “Tem parlamentar cuja base está questionando isso, o que pode refluir no apoio à investigação”, completou outro aliado do Planalto.

A ampliação do escopo da CPI poderá se resumir ao caso Alstom, que apura a suposta existência de cartel de empresas envolvidas com o metrô paulistano. O deputado Paulo Teixeira (PT-SP) está recolhendo as assinaturas — até o início da noite de ontem, já tinha coletado 150 e espera atingir as 171 hoje.
 
 “Ainda acho que a melhor estratégia é tentar retirar as assinaturas da CPI da Petrobras”, afirmou ontem o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE). “Uma CPI agora, ainda mais sendo ampla, só servirá para dar palco para a oposição em um ano eleitoral”, completou o senador petista.