sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

“Há mais dados a serem revelados”, dizem peritos sobre sistemas da Odebrecht

Fabio Serapião, Luiz Vassallo e Julia Affonso, O Estado de São Paulo

O presidente da Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais, Marcos Camargo, afirmou, por meio de nota, nesta sexta-feira, 23, que a perícia da PF realizada sobre os sistemas do departamento de propinas da Odebrecht ‘reflete recuperação parcial da base de dados’ da empreiteira, ‘permitindo saber que ainda há muito mais dados a serem revelados’.
“Este parece ser um primeiro laudo de uma espécie de “caixa de pandora” que, por muito tempo, não ficou acessível à perícia criminal. Isso atrasou as descobertas, uma vez que há cerca de um ano o obrigatório encaminhamento à perícia oficial não vinha sendo feito”, diz.
A Polícia Federal entregou às 14h46 desta sexta-feira, 23, a perícia sobre os sistemas de propina da Odebrecht. A análise havia sido determinada pelo juiz federal Sérgio Moro em ação penal sobre supostas propinas da empreiteira para o ex-presidente Lula.
Foram verificados 11 discos rígidos e dois pendrives. Ao juiz Moro, a PF afirmou que ‘foram identificados 842 arquivos, de um total de 1.912.667 arquivos, correspondendo a 0,043%, que apresentam não conformidades’. A perícia achou 607 divergências nos discos 1 e 4, um total de 230 nos discos 5 a 9 e outras cinco nos discos 10, 11 e no pendrive 01.
Para o presidente da Associação, graças ao trabalho dos peritos da PF, foi possível ‘identificar que a empresa destruiu provas após a prisão de Marcelo Odebrecht, em 2015, e que também omitiu algumas evidências’.
“Mais do que prova pericial, o laudo entregue hoje amplia a construção do conhecimento científico forense e abre perspectivas inéditas para a afirmação da Justiça brasileira sobre bases sólidas e proficientes.”, afirma Marcos Camargo.