O Globo
O ministros Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), voltou a criticar Luís Roberto Barroso, seu colega na corte, afirmando que ele "fala pelos cotovelos". A declaração foi feita nesta quarta-feira ao blog da jornalista Andréia Sadi, do "G1".
Em resposta, Barroso disse que o Direito "não é feito para proteger amigos" e que ele não frequenta palácios nem troca "mensagens" amistosas com réus.
Gilmar comentava a polêmica em torno de Fernando Segovia, agora ex-diretor-geral da Polícia Federal, que comentou durante uma entrevista o inquérito que investiga o presidente Michel Temer. Barroso é o relator da investigação, e determinou que Segovia se explicasse.
— O Barroso que não sabe o que é alvará de soltura, fala pelos cotovelos. Antecipa julgamento. Fala da malinha rodinha. Precisaria suspender a própria língua — afirmou.
Ao mencionar a "malinha rodinha", o ministro fez referência ao julgamento, ocorrido em dezembro, em que seu colega comentou o vídeo em que o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) aparece carregando uma mala com R$ 500 mil.
— Eu quero dizer que eu vi a fita, eu vi a mala de dinheiro, eu vi a corridinha na televisão — afirmou, na época.
MINISTROS DISCUTIRAM DURANTE SESSÃO
Em nota, enviada ao blog do "G1", Barroso rebateu as críticas, dizendo que não antecipa julgamentos e nem fala sobre política.
"Jamais antecipei julgamento. Nem falo sobre política. Eu vivo para o bem e para aprimorar as instituições. Sou um juiz independente, que quer ajudar a construir um país melhor e maior. Acho que o Direito deve ser igual para ricos e para pobres, e não é feito para proteger amigos e perseguir inimigos. Não frequento palácios, não troco mensagens amistosas com réus e não vivo para ofender as pessoas", escreveu.
Barroso fez referência aos frequentes encontros — muitos deles fora da agenda — entre Gilmar e o presidente Michel Temer, assim como a proximidade dele com políticos investigados, como o senador Aécio Neves (PSDB-MG).
Em outubro do ano passado, os dois ministros discutiram durante uma sessão do STF. Barroso afirmou que o colega "muda de jurisprudência de acordo com o réu", e enquanto Gilmar disse que o ministro foi advogado de "bandidos internacionais".