Bruno Rosa, O Globo
Mineradora teve receita operacional de US$ 33,9 bilhões, maior que os US$ 27,4 bilhões obtidos em 2016
A Vale registrou lucro líquido de US$ 5,5 bilhões no ano passado. O resultado é uma alta em relação aos US$ 3,9 bilhões de 2016. O número veio dentro da expectativa dos analistas, que projetam ganho entre US$ 5 bilhões e US$ 5,5 bilhões em 2017.
A receita operacional ficou em US$ 33,9 bilhões, maior que os US$ 27,4 bilhões obtidos em 2016. A geração de caixa operacional, medida pelo ebitda, ficou em US$ 15,3 bilhões, acima dos US$ 8,2 bilhões do ano anteriores. Os resultados vieram dentro das estimativas.
O presidente da Vale, Fabio Schvartsman, disse que o resultado "mostra uma geração de caixa excepcional e uma redução significativa da dívida líquida devido à melhor realização de preços, disciplina rigorosa na alocação e melhora marginal nos resultados dos ativos de níquel e cobre".
Em nota, o executivo disse que "2017 foi o ano de inflexão para a Vale. Demos início a ambiciosas mudanças em eficiência, gerenciamento de custos e governança corporativa.
Estamos construindo as bases para diversificar a geração de caixa, melhorando a performance dos ativos que temos hoje e reduzindo, consequentemente, a dependência ao minério de ferro. Nosso objetivo é transformar a Vale em uma empresa mais previsível”.
Segundo a Vale, o aumento na receita ocorreu, principalmente, devido a maiores preços realizados de minerais ferrosos (US$ 4,382 bilhões), metais básicos (US$ 1,029 bilhão) e carvão (US$ 386 milhões) e maiores volumes de vendas de minerais ferrosos (US$ 397 milhões) e carvão (US$ 342 milhões), sendo parcialmente compensados por menores volumes de vendas de metais básicos (US$ 297 milhões). Segundo analistas, um dos motivos para os maiores ganhos foi com a venda de um minério de ferro de maior qualidade, como a de Carajás (SD11). Em nota, a Vale informou que a geração de caixa operacional por tonelada do segmento foi de US$ 37,9 por toneladas em 2017. Trata-se de uma alta de 24% maior do que em 2016, "principalmente devido à maior realização de preços e ao melhor mix de produtos".
Assim, com uma maior geração de caixa, a companhia registrou alta no lucro, explicou a mineradora. O lucro poderia ter sido maior não fossem as baixas contábeis feitas ao longo de 2017. Em comunicado, a mineradora ressalta os "impairments" com o fechamento da mina de Stobie (US$ 133 milhões) e à Samarco (US$ 180 milhões), palco do acidente ambiental mais grave do país.
MENOR NÍVEL DE INVESTIMENTO DESDE 2005
Porém, a companhia registrou seu menor nível de investimento desde 2005. No ano passado, a mineradora destinou US$ 3,848 bilhões em 2017, menor que os US$ 5,190 bilhões gastos em 2016, devido, principalmente, à conclusão do projeto da mina e planta do S11D. Para a Vale, a redução "mostra o nosso foco na disciplina de alocação de capital".
A dívida líquida da empresa chegou ao fim de 2017 em US$ 18,1 bilhões, menor que os US$ 25,042 bilhões do ano anterior. O diretor financeiro da Vale, Luciano Siani Pires, destacou, em comunicado, que "o sólido resultado operacional e a conclusão do programa de desinvestimento aceleraram a redução da dívida líquida".
A companhia - que há um ano anunciou um novo acordo de acionistas para pulverizar o seu controle, reunido entre Bradesco e fundos de pensão das estatais - informou que vai distribuir R$ 4,7 bilhões (US$ 1,5 bilhão) em dividendos sob forma de juros sobre capital próprio. "O Conselho de Administração da Vale aprovou a distribuição de R$ 2,2 bilhões em dezembro de 2017 e R$ 2,5 bilhões em fevereiro de 2018, ambos a serem pagos em março de 2018. Este valor equivale ao pagamento mínimo estabelecido pelo Estatuto da Vale. A decisão de pagar o mínimo requerido reflete uma cautelosa e disciplinada abordagem da Vale, até que a companhia receba os recursos da venda dos ativos e da geração de caixa das operações. A nova política de dividendos está sendo discutida e será aprovada até o final de março", disse a companhia.
A Vale informou ainda que conseguiu diversificar sua base de clientes além da China. Assim, o gigante asiático respondeu em 2017 por 41% das receitas, menor que os 46% de 2016. Entre os clientes da América do Sul, o peso subiu de 9% para 12%. A Ásia, sem a China, passou de 15% para 18%.