Daniel Gullino, O Globo
O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), prorrogou o inquérito que investiga o presidente Michel Temer por 60 dias. A decisão atende a um pedido da Polícia Federal (PF), que foi apoiado pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge.
No mesmo despacho, Barroso afirmou que considera que o diretor-geral da PF, Fernando Segovia, está "devidamente ciente de que deve se abster de qualquer pronunciamento" sobre a investigação. Na segunda-feira, Dodge havia pedido que Segovia fosse proibido, por ordem judicial, de comentar o inquérito, sob a pena de ser afastado do cargo.
Barroso havia pedido para a procuradora-geral se manifestar sobre a entrevista em que o diretor-geral disse que o inquérito poderia ser arquivado e levantou a possibilidade de punição para o delegado responsável pelo caso. Na semana passada, em uma reunião com o ministro, Segovia disse que suas declarações foram distorcidas e garantiu que não tentou inteferir no andamento das investigações.
Além de Temer, há outros três investigados por supostas irregularidades no decreto presidencial dos portos. O presidente, que nega as acusações, é suspeito de ter beneficiado a Rodrimar, que opera no porto de Santos.
Ainda na mesma decisão, Barroso determina a instauração de um inquérito para apurar o vazamento da informação de que Raquel Dodge divergiu da Polícia Federal e não solicitou a quebra dos sigilos bancário e fiscal de Temer, divulgada pelo GLOBO nesta terça-feira.