quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Justiça do Chile investiga filho de Bachelet por suposta fraude milionária


Escândalos envolvendo o filho Sebastián prejudicaram Bachelet - AFP

O Globo com Reuters



SANTIAGO - A Justiça chilena decidiu abrir uma investigação contra o filho da presidente Michelle Bachelet e sua mulher por suposta fraude contra um empresário local.

 A imprensa local trata o caso como um novo revés para a chefe de Estado, a menos de duas semanas de deixar o cargo. Escândalos envolvendo Sebastián Dávalos Bachelet derrubaram a popularidade da presidente entre 2015 e 2016, sem que ela conseguisse reerguê-la desde então.

Sebastián e sua mulher, Natalia Compagnon, serão investigados na esteira de uma acusação impetrada pelo empresário Gonzalo Vial, disse o promotor Sergio Moya à rádio BioBio nesta quarta-feira.

— O que fizemos não é nenhuma surpresa para eles — afirmou Moya sobre a decisão de abrir a investigação.

Vial afirma que pagou a Sebastián e a um sócio de Natalia um total de 1,5 bilhão de pesos (cerca de R$ 8,17 milhões) para fazer oito relatórios sobre mineração. Os documentos eram aparentemente plagiados de conteúdos da agência estatal Comissão Chilena do Cobre (Cochilco), o que a promotoria chilena ratificou.

Este caso se soma a outros crimes tributários dos quais Natalia é acusada. Ela foi denunciada pelo Serviço Interno de Impostos por declarações falsas em negócios imobiliários, ao incorporar faturas fraudulentas nas contas da consultora Caval, o que reduziria indevidamente as taxas pagas pela companhia.

Além disso, a firma de consultoria já foi investigada por um empréstimo de US$ 10 milhões que recebeu do Banco do Chile após uma reunião entre Natalia, o filho de Bachelet e o magnata Andrónico Luksic, dono da entidade privada.

O chamado Caso Caval, que levou a uma onda de críticas da oposição e também do governista Partido Socialista, contribuiu para o colapso do apoio à presidente e um aumento na desconfiança dos chilenos, que assistiram a numerosos casos de desvios de dinheiro de empresários para campanhas políticas.

Sem poder tentar a reeleição, a socialista Bachelet — que chegou a ter somente 15% de aprovação durante os momentos mais críticos do Caso Caval — novamente entregará a faixa presidencial ao conservador Sebastián Piñera. Após seu primeiro mandato (2006-2010), Bachelet não conseguiu emplacar um sucessor e viu a vitória de Piñera, que ficou no poder até 2014. Ela foi reeleita em 2013 e voltou ao Palácio de la Moneda em 2014.

— Nem tudo foi perfeito. Há projetos que demoraram ou tiveram debilidades. O importante é reconhecer que a marcha que iniciamos entre todos fez do Chile um país melhor, e é a rota pela qual devemos perseverar — afirmou a presidente nesta quarta-feira, em um discurso de despedida na cidade de Iquique.