Lorenna Rodrigues, Idiana Tomazelli e Eduardo Laguna, Broadcast
Ajudado pelo crescimento das receitas, o governo central registrou um superávit primário de R$ 31,069 bilhões em janeiro, o melhor desempenho para o mês da série histórica, que teve início em 1997.
O resultado, que reúne as contas do Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central, sucede o déficit de R$ 21,029 bilhões de dezembro.Em janeiro de 2017, o resultado havia sido um superávit de R$ 18,005 bilhões.
O resultado de janeiro ficou acima da mediana das expectativas do mercado financeiro, que apontava um superávit de R$ 24,500 bilhões, de acordo com levantamento do Projeções Broadcast junto a 17 instituições financeiras. O dado do mês passado ficou perto do teto do intervalo das estimativas, que foram de superávit de R$ 17,000 bilhões a R$ 31,100 bilhões.
Em 12 meses, o governo central apresenta um déficit de R$ 113,6 bilhões – equivalente a 1,69% do PIB. Para este ano, a meta fiscal admite um déficit de até R$ 159 bilhões nas contas do governo central.
O resultado reforça uma tendência menos negativa do que se tinha no fim do ano passado sobre o rombo das contas públicas de 2018, afirma o analista da Tendências Fabio Klein. Apesar disso, ele lembra que, com o pico de recolhimento de tributos - entre eles, o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e o Imposto de Renda (IR) –, janeiro é sazonalmente um mês superavitário. As finanças do governo devem voltar ao vermelho em fevereiro, quando as previsões preliminares da consultoria apontam a um déficit ao redor de R$ 30 bilhões.
A Tendências acaba de rever de R$ 154,3 bilhões – o equivalente a 2,2% do Produto Interno Bruto (PIB) - para R$ 135,6 bilhões (1,9% do PIB) sua previsão ao déficit das contas primárias do governo central, que não incluem o pagamento de juros, neste ano. Segundo Klein, o número divulgado hoje pelo Tesouro Nacional reforça a visão de que o governo conseguirá cumprir com folga a meta que limita o buraco nas contas públicas a R$ 159 bilhões. Mas, por outro lado, será um resultado fiscal pior do que o déficit de R$ 124,4 bilhões do ano passado.
Para janeiro, a Tendências calculava um superávit R$ 6,5 bilhões menor porque aguardava um aumento das despesas do governo central três vezes maior do que a alta de 1,6% registrada no comparativo com janeiro de 2017.
Klein acredita que o cumprimento tanto da regra de ouro das contas públicas, que impede o governo de se endividar para pagar despesas correntes, quanto da regra que estabeleceu um teto aos gastos do governo continua se colocando como um desafio para a equipe econômica.
"Acredito que o governo conseguirá cumprir com os dois, mas não posso dar isso como algo já garantido e que será tranquilo. É algo que precisará ser monitorado ao longo dos próximos meses", comenta o especialista.