É um fato reconhecido que o problema do atendimento às necessidade básicas da população como segurança coletiva, saúde, educação, habitação, saneamento e mobilidade urbana é agravado pela falta de recursos e pela baixa qualidade dos serviços públicos.
Quem tem alguma experiência, por exemplo, com a administração da educação nas escolas públicas de primeiro e segundo grau, sabe que ela depende essencialmente das qualidades e do preparo dos seus diretores. Quando eles têm competência para manter a ordem, fazer-se respeitar, fazer respeitar os professores e atrair a atenção das famílias dos alunos, floresce uma cooperação e uma solidariedade que eleva a qualidade da educação.
É claro que as condições físicas da escola e a satisfação dos professores com a sua nobre profissão são condições necessárias, mas a condição suficiente é a capacidade de cooptação do diretor produzida por seu preparo e personalidade. Ele e os professores precisam de uma boa carreira, salários razoáveis e uma aposentadoria digna, hoje fortemente prejudicados pelos espantosos gastos com salários e aposentadorias da alta burocracia não eleita que controla o Estado.
Um exemplo disso são os gastos médios com aposentadorias pagas durante o exercício de 2016. Se a aposentadoria média paga pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) for usada como unidade de medida, o “teto” do sistema é igual quatro vezes a média, ou seja, quem se aposenta com o maior valor do INSS recebe, aproximadamente, o que recebem quatro aposentados médios. O servidor humilde do Poder Executivo recebe, em média, a soma de seis aposentados médios do INSS e os servidores militares, oito.
A partir daí há uma enorme descontinuidade: Ministério Público, com média igual a 15 vezes a média do INSS; Judiciário, com média igual a 21; e Legislativo, com média igual a 23 vezes a média do INSS. Em um mês, chega-se a receber o que um trabalhador ganha em dois anos.
Na média geral, uma aposentadoria do setor público é equivalente à aposentadoria de 13 participantes do setor privado. O gráfico abaixo mostra a generosidade insustentável do nosso sistema previdenciário. Em 2050, teremos dois trabalhadores para sustentar um aposentado. Lá vamos lembrar de Temer, pois a demografia não perdoa.