terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

'Senhores, no grito não funciona', diz interventor a jornalistas no fim da coletiva

Aspectos da doutrina militar deram o tom da primeira entrevista coletiva do interventor, general Walter Souza Braga Netto, no Rio. Primeiro, os jornalistas tinham que escrever as perguntas que seriam feitas aos generais - ao lado de Braga Netto, estavam o chefe de Gabinete de Intervenção Federal, Mauro Sinott, e o novo secretário de Segurança, Richard Nunes. No microfone, o chefe da Comunicação do Comando Militar do Leste (CML), coronel Carlos Cinelli, anunciava de tempos em tempos quantos minutos restavam para que os questionamentos fossem entregues. Até que, minutos antes da entrevista, anunciou que o tempo havia se encerrado e que não seriam aceitas mais perguntas.


Dentro de uma sala, selecionaram os questionamentos que seriam respondidos ainda na coletiva. Diferentemente dos atrasos comuns a esse tipo de evento, a entrevista do general começou no horário divulgado. E, no primeiro momento, Braga Netto apenas apresentou a estrutura com a qual vai trabalhar na Segurança Pública do Rio. Falou por sete minutos até que os jornalistas começaram a fazer as perguntas - com a recomendação de que só poderiam se ater ao que foi colocado no papel antes da entrevista.

Em um dos questionamentos, o interventor demonstrou que não havia espaço interrupções e que não sairia do roteiro estabelecido. A jornalista perguntou qual seria a primeira medida na área operacional.

- A primeira medida que está sendo tomada é a instalação do gabinete - afirmou o general, sendo interrompido pela repórter, que esboçou um "mas...".
De bate pronto, Braga Netto a interrompeu.

- Por favor... - disse ele, seguindo com o raciocínio.

Antes do início da coletiva, o chefe da Comunicação do CML havia dito que os entrevistados não deviam ser interrompidos.

Aos 23 minutos de entrevista - com somente 16 de perguntas, já que início foi a explanação sobre a estrutura da Segurança -, foi informado o fim da coletiva e avisado que o restante das perguntas seria respondido apenas por email. Um jornalista reclamou:

- Só isso?

A celeuma aumentou e, em meio ao vozerio, Braga Netto declarou:

- Senhores, no grito não funciona.