segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Operação contra Wagner empurra o covil do PT mais ainda para discurso de perseguição



O ex-ministro Jaques Wagner - Givaldo Barbosa / 1-2-16

Eduardo Bresciani, O Globo


A Operação “Cartão Vermelho” da Polícia Federal, que vasculhou endereços do ex-governador baiano Jaques Wagner, empurrou o PT para um discurso sem volta de que há uma perseguição contra o partido nas investigações da Lava-Jato e seu filhotes. Não bastasse a cristalização do cenário de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva será impedido de concorrer pela Lei da Ficha Limpa, os dois nomes alternativos do partido, Wagner e o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, também passam a ter acusações a responder caso assumam a função de candidato petista à Presidência da República.

O mote da perseguição consta dos pronunciamentos de petistas sobre a nova operação, como já havia ocorrido quando se tratou de Lula e Haddad. A presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann, ela própria ré na Lava-Jato, dá o tom em nota pública: "A invasão da residência do ex-governador Jaques Wagner por agentes da Polícia Federal, na manhã de hoje (26) é mais um episódio da campanha de perseguição contra o Partido dos Trabalhadores e suas principais lideranças.A sociedade brasileira está cada vez mais consciente de que setores do sistema judicial abusam da autoridade para tentar criminalizar o PT e até os advogados que defendem nossas lideranças e denunciam a politização do Judiciário".

As situações dos três próceres petistas têm suas distinções. Lula está condenado em segunda instância por corrupção e lavagem de dinheiro a 12 anos e 1 mês de prisão pelo caso do triplex do Guarujá (SP), respondendo ainda a outros processos. Wagner é acusado de desviar R$ 82 milhões de obras do estádio Fonte Nova. Haddad foi indiciado em janeiro pela acusação de que sua campanha teria recebido R$ 2,6 milhões por caixa dois. Ao reduzir todas as acusações ao termo “perseguição”, o PT acaba por igualar as situações.

O partido vibrou com a prisão do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e partiu pra cima contra o presidente Michel Temer e o senador tucano Aécio Neves quando estes viraram alvo. Seja quem for o candidato petista, terá pela frente a difícil tarefa de elogiar algumas investigações ao mesmo tempo em que critica outras.