O Globo
A Bolsa brasileira fechou em alta pelo nono dia seguido nesta segunda-feira, dando sequência aos recordes da última semana. O Ibovespa chegou a superar os 88 mil pontos pela primeira vez na História. Ao fim do dia, o índice, que chegou a operar na estabilidade, foi impulsionado pela valorização das Bolsas americanas e pelos números do Boletim Focus, com previsões mais otimistas para inflação e o PIB brasileiros. O índice fechou com alta de 0,41%, aos 87.652, renovando seu recorde de fechamento. Já o dólar comercial fechou em queda de 0,27%, a R$ 3,233, com os investidores atentos às falas de representantes do Federal Reserve (Fed, o bc americano).
— A Bolsa reverbera o otimismo do cenário global, que opera com grande liquidez e com ativos se recuperando lá fora. Aqui dentro, o país repercutiu dados da inflação e do investimento estrangeiro, que surpreenderam positivamente e aumentam a confiança dos investidores com o cenário interno — avalia Luis Gustavo Pereira, analista-chefe da Guide Investimentos, destacando que o rebaixamento da nota de crédito do país, pela agência de classificação de risco Fitch Ratings na sexta-feira, fora largamente superado.
— O downgrade já era dado pelo mercado, que aguarda ainda a Moody’s a fazer o mesmo.
Mesmo assim, o viés ainda é positivo para a Bolsa.
Para Rogério Freitas, sócio na Florença Investimentos, o cenário continua bastante positivo para os ativos de risco de maneira geral.
— Esse ambiente de tranquilidade nas economias maduras ajudam, principalmente, o mercado de commodities e os países emergentes, com investidores optando por aplicar seu dinheiro em países que ainda tenham mais espaço para crescer — diz.
A semana é marcada por indicadores econômicos relevantes sobre a economia americana e também pelo depoimento do novo presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, na terça-feira, no Congresso dos Estados Unidos.
— O dólar operou em linha com cenário externo. A moeda caiu na expectativa sobre o discurso de Powell, apesar de prever uma fala alinhada ao de aumento mais gradual da taxa de juros americana. Além disso, com o fim do mês, a moeda se desvaloriza enquanto aguarda a formação da Ptax, a taxa média da moeda americana utilizada para liquidar os contratos que vencem na quarta — diz Italo Abucater, gerente de mesa de câmbio da Tullett Prebon Brasil.
Em Wall Street, todos os índices sobem. O Dow Jones avança 1,58%; o S&P 500, 1,18%; e a Nasdaq, 1,15%. Na Europa, o FTSE 100, de Londres, fechou com alta de 0,62%; o CAC 40, de Paris, subiu 0,51%, e o DAX, de Frankfurt, teve valorização de 0,35%.
O índice paulista foi alavancado pelas estimativas do Boletim Focus, do Banco Central, que cortou pela quarta semana seguida as projeções para o Índice de Preço ao Consumidor Ampliado (IPCA) do fim deste ano, de 3,81% para 3,73%. Além disso, o documento apresentou números mais otimistas para o Produto Interno Bruto (PIB) do país, de 2,89% de crescimento, ante 2,80%.
O Banco Central divulgou ainda o resultado do investimento estrangeiro esperado no mês de janeiro. De acordo com a autoridade monetária, entraram no país US$ 6,5 bilhões, quase o dobro dos US$ 3,5 bilhões esperados.
COMMODITIES ALAVANCAM PREGÃO
A alta das commodities ditou o tom do pregão, com a Vale exercendo o principal impacto ao longo do dia. Lá fora, os contratos futuros do minério de ferro, para maio, subiram 1,48%. Aqui, as ações da mineradora avançam 2,86% a R$ 47,40.
A restrição da oferta de aço pela China ajuda a impulsionar os papéis da mineradora. Segundo Pereira, o país está reduzindo ofertas de mineradoras mais poluentes, cuja qualidade da commodity é considerada inferior.
— Quem se beneficia dessa decisão é a Vale, que tem um minério de altíssima qualidade — explica.
A Petrobras subiu e acompanhou a alta do preço do petróleo no exterior: o petróleo do tipo Brent fechou com alta de 0,46%, aos R$ 67,32. O papel ordinário (ON, com voto) da petroleira teve alta de 2,33% a R$ 23,18; e o preferencial (PN, sem voto) subiu 1,89% a R$ 21,52.
Entre os bancos, a performance foi mista. O Itaú recuou 0,11% a R$ 52,94; o Bradesco fechou na estabilidade, a R$ 40,47; e o Banco do Brasil avançou 1,46% a R$ 43,02.
Na ponta negativa, as ações da CCR despencaram ao menor nível intradiário desde abril de 2016, após notícias de que a empresa foi citada em delações na Lava-Jato por supostos contratos de patrocínio superfaturados. Na mínima, a empresa chegou a cair mais de 12%.
Os papéis fecharam com devalorização de 10%, a R$ 12,41.
A ações da JBS também sofreram um baque, após a notícia de que a Procuradoria Geral da República (PGR) rescindiu o acordo de colaboração de Wesley Batista. A empresa fechou com desvalorização de 3,59%, com seus papéis cotados a R$ 9,93.