TAÍS HIRATA - Folha de São Paulo
O governo ainda está longe de atingir o número necessário de votos para aprovar a reforma da Previdência, afirmou o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), nesta quinta (30), em São Paulo.
"Se não tiver voto, não vamos marcar a data. Falta muito, mas não fiz a conta, então não vou falar um número. A base não está articulada como deveria", disse.
A Folha fez um levantamento que indica que ao menos 210 deputados devem votar contra a reforma. Veja aqui a intenção de voto de cada deputado.
Maia ressaltou a importância do PSDB para a votação, mas sinalizou que as mudanças sugeridas pelo partido dificilmente serão aceitas. "As propostas inviabilizam a reforma, seriam mais de R$ 100 bilhões de perda do ajuste fiscal
Os tucanos apresentaram três reivindicações de concessões nas áreas de aposentadoria por invalidez, acúmulo de benefícios e nas regras de transição para servidores.
A estimativa do governo é que a incorporação das mudanças reduziriam para menos da metade a economia esperada com a reforma, que já está em cerca de 60% da redução de gastos prevista no texto original –de R$ 793 bilhões em dez anos, o valor caiu para R$ 476 bilhões com a proposta apresentada.
A escolha do governador paulista Geraldo Alckmin para presidir o PSDB deverá unificar o partido, e sua posição favorável à reforma poderá favorecer a aprovação, disse Maia. "A disputa [dentro da sigla] ia acabar influenciando qualquer votação. O governador tem uma liderança forte, isso pode nos ajudar."
Maia afirmou também que a base do governo ficou desgastada após as duas denúncias contra o presidente Temer. "Mesmo parte daqueles que compreendem a importância não confirmaram."
No domingo (3), o presidente da Câmara e o presidente Michel Temer se reunirão com líderes e presidentes de partidos para contabilizar os votos favoráveis à reforma.
"É a última oportunidade que o país tem de fazer a reforma sem ter a cortar salários e aposentadorias", disse.